Festival Porta-Jazz apresenta um caldeirão de arte, música e humanismo

por Comunidade Cultura e Arte,    3 Janeiro, 2023
Festival Porta-Jazz apresenta um caldeirão de arte, música e humanismo
Alfons Slik / Fotografia de Marcin Dominiak
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O Festival Porta-Jazz regressa de 3 a 5 de fevereiro com um caldeirão de arte, música e humanismo. Os vários palcos do Teatro Rivoli recebem a 13.ª edição cuja programação reflete o trabalho desenvolvido pela Associação Porta-Jazz ao longo do ano, as interações que resultaram na edição de novos discos pelo Carimbo, e as muitas residências e partilhas.

Destaque para a estreia da encomenda feita ao pianista Miguel Meirinhos – figura de proa da nova geração do jazz portuense –, que convidou o emergente saxofonista inglês Joshua Schofield, o espanhol Ricardo Formoso no trompete, e os portugueses João Fragoso (contrabaixo), e João Cardita (bateria), para um concerto onde a estranheza dará lugar a um momento enérgico, espontâneo e livre. E de “Interferências” do Coletivo OSSO/Porta-Jazz – resultado de uma residência de criação, durante a qual os territórios poéticos de seis músicos (João Grilo – piano, eletrónica e voz; Joana Castro – movimento e voz; Nuno Morão – bateria e voz; Ricardo Jacinto – violoncelo, eletrónica e voz; Susana Santos Silva – trompete, eletrónica e voz) se transformam em espaço de contaminação mútua.

Relativamente a parcerias: o Ensemble Porta-Jazz/Robalo – que resulta do encontro com a congénere lisboeta, Associação Robalo – fará uma declaração conjunta de interesses apresentando música original com fortes raízes no jazz e na música improvisada, trabalhada para o festival por Nazaré da Silva (voz), Bernardo Tinoco (saxofone), Gil Silva (saxofone), Duarte Ventura (vibrafone), Pedro Molina (contrabaixo) e Eduardo Dias (bateria).

AP / Fotografia de João Saramago


Fruto da residência no Festival Guimarães Jazz será apresentado “Liquify, Spread and Float”, projeto liderado pela multifacetada cantora Inês Malheiro, com Carolina Fangueiro (visuais), Daniel Sousa (saxofone e electrónica), João Almeida (trompete), José Vale (guitarra) e Vicente Mateus (bateria). Ao vivo, exploram o diálogo entre várias disciplinas artísticas, a partir da percepção da visão do som na criação de música livre.

Será ainda possível conhecer o que de mais atual se faz no Jazz europeu com o trioWabjie, composto por Soraya Berent (voz e electrónica), Michel Wintsch (piano, teclados e electrónica) e Samuel Jakubec (bateria), que vem da Suíça/ Genebra; com estreia de “Into The Big Wide Open”, do austríaco Alfred Vogel (bateria), que se apresenta com três músicos da cena jazz berlinense (Eldar Tsalikov – saxofone e clarinete; Valentin Gerhardus – piano e live samplingFelix Henkelhausen – contrabaixo), e convida para uma aventurosa e audível viagem pela infinidade do grande vazio; do duo Alfons Slik, composto pelo pianista Grzegorz Tarwid e o baterista Szymon Pimpon Gasiorek, dois aventurosos músicos da Polónia que conjugam o seu virtuosismo com vocalizações e experiências sónicas entre a tradição do jazz, a improvisação livre, música contemporânea, poesia, rock’n’roll, pop moderno, disco e os costumes dos casamentos polacos; e Liudas Mockūnas (saxofones), Arnas Mikalkenas (piano, acordeão) e Håkon Berre (bateria), da Lituânia, que são o ingrediente báltico no caldeirão do 13.º Festival Porta-Jazz, e o resultado pode caraterizar-se como jazz de câmara moderno inspirado na música contemporânea e no free jazz.

Umbral / Fotografia de André C. Macedo

Ao longo de três dias, 70 artistas apresentam-se em 17 concertos nos diferentes espaços do Rivoli. O veterano pianista Carlos Azevedo apresenta o seu mais recente registo “Serpente” em quarteto, com Miguel Moreira (guitarra), Miguel Ângelo (contrabaixo) e Mário Costa (bateria), uma formação reduzida ao invés das grandes e sinfónicas formações às quais a sua música tem sido dedicada; o pianista Pedro Neves apresenta o seu quarto álbum “Hindrances” (Carimbo) em trio, com Miguel Ângelo (contrabaixo) e José Marrucho (bateria); o contrabaixista italiano Gianni Narduzzi dará a conhecer ao vivo “Dharma Bums” lançado em 2022 (Carimbo), com Hugo Caldeira (trombone), Afonso Silva (saxofone), Joaquim Festas (guitarra) e Gonçalo Ribeiro (bateria); o guitarrista e compositor Nuno Trocado e o dramaturgo Jorge Louraço Figueira partilham “Umbral”um trabalho multidisciplinar com cinco músicos (João Pedro Brandão – flauta, saxofone alto; Nuno Trocado – guitarra elétrica, composição; Sérgio Tavares – contrabaixo; Acácio Salero – bateria; Pedro Pires Cabral – theremin, samples, gravações de campo) e uma atriz (Catarina Lacerda – voz); o guitarrista Eurico Costa em formato trio, com Demian Cabaud (contrabaixo) e Marcos Cavaleiro (bateria), apresenta “Copal” (Carimbo); os Bode Wilson dão a conhecer “Aether” (Carimbo), o terceiro disco do trio (João Pedro Brandão – saxofone alto e soprano, flauta, pedaleira de órgão; Demian Cabaud – contrabaixo e charango; Marcos Cavaleiro – bateria e percussões) que não se conforma com fórmulas estanque e definidas e que parte sempre para a descoberta de novos caminhos. Um trio que, às habituais ferramentas, acrescenta aqui o charango, as percussões e uma pedaleira de órgão; os 293 Diagonal revelam “Membrana”, entre a canção, a improvisação e a eletrónica, com Joana Raquel (voz) e Daniel Sousa (saxofone e electrónica) convergem as suas influências e criam um espaço não-convencional, performativo e íntimo; e o guitarrista e compositor AP apresenta, em quarteto, “Nu” (Carimbo), com José Diogo Martins (piano e teclados), Gonçalo Sarmento (baixo elétrico e contrabaixo) e Gonçalo Ribeiro (bateria), e, juntos, vão explorar a simplicidade melódica, o rigor formal, ambientes e texturas contrastantes, o groove e a improvisação, numa demanda musical que visa sempre alcançar a frescura e a imprevisibilidade
No domingo, às 21h30, o projeto Do Acaso, que cruza música com literatura, encerra os concertos no Grande Auditório do Rivoli com 12 músicos em palco, liderados pela contrabaixista Sara Santos Ribeiro, a apresentarem “Catarse Civil”: um exercício neo-surreal de materializar “os sonhos da humanidade que dorme”.

Ao final da noite, como é habitual, o Café Rivoli recebe, às 23h30, showcases das escolas Art’J – JOBRA (dia 3), ESMAE (dia 4) e Conservatório de Músicas do Porto (dia 5), seguidas de jam sessions com os músicos do festival e toda a comunidade.

Miguel Meirinhos / DR

Antes do arranque no Rivoli realiza-se uma sessão de abertura do festival no novo Espaço Porta-Jazz (na Praça da República), dia 2 de fevereiro, com o concerto do Ensemble Porta-Jazz/Robalo e a inauguração de instalações sonoras de Nuno Trocado, Sofia Sá e Susana Santos Silva. Com este novo espaço, a multidisciplinaridade artística foi amplamente reforçada e esta mostra é disso um bom exemplo.
No dia 1 de fevereiro, e para dar as boas vindas aos músicos internacionais, estão todos convidados para o warm up, uma Jam Session no Zero Hotel, a partir das 22h00.

A 13.ª edição do Festival Porta-Jazz traduz a dinâmica da comunidade de músicos de Jazz e alimenta-se do engenho, empenho e contribuição humana e artística de uma coletividade heterogénea quanto às gerações, correntes artísticas e origem dos elementos que nela se misturam. Um caldeirão de arte, música e humanismo que tudo isto evoca durante os primeiros dias de fevereiro.

Os bilhetes estão à venda na bilheteira do Teatro Municipal do Porto e on-line, em formato de blocos de concertos: cada um dos sete blocos tem um bilhete único no valor de7€ (50% para membros Porta-Jazz). Os showcases e jam sessions no Café Rivoli são de entrada livre.

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