Filme de Isadora Neves Marques também vai representar Portugal no Festival de Cannes

por Comunidade Cultura e Arte,    18 Abril, 2024
Filme de Isadora Neves Marques também vai representar Portugal no Festival de Cannes
“As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer”, de Isadora Neves Marques
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A 63.ª Semana da Crítica de Cannes, que decorre de 15 a 23 de Maio, anunciou hoje a sua selecção oficial que conta na competição de curtas metragens com o filme “As Minhas Sensações São Tudo O Que Tenho Para Oferecer”, realizado por Isadora Neves Marques, produzido pela Foi Bonita a Festa e distribuído pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português. Trata-se da quarta curta metragem da realizadora, que em 2022 recebeu um Tigre no Festival de Roterdão com o filme “Tornar-se Um Homem na Idade Média”, ano em que foi a Representação Oficial Portuguesa – Pavilhão de Portugal na 59ª Bienal de Veneza, com a instalação fílmica Vampires in Space.

Passado durante um fim de semana, “As Minhas Sensações São Tudo o Que Tenho Para Oferecer” desenha uma história sobre família e expectativas, diferenças de classe e isolamento psicológico, sob um fundo especulativo ou de ficção científica no qual nos será permitido aceder às sensações e pensamentos de outras pessoas através de um pequeno comprimido.

O filme narra a visita de Lourdes à casa de campo dos seus pais, Vicente e Carl, para lhes apresentar a namorada Lana. Lourdes e Lana são duas jovens mulheres um pouco sem rumo, que se conheceram usando essa nova biotecnologia.

Isadora Neves Marques / DR

Diz a realizadora que “Uma surpresa especulativa e o carinho por uma ficção científica subtil é uma qualidade natural dos meus filmes, como visto nas minhas curtas anteriores “Tornar-se um Homem na Idade Média” (2022), “A Mordida” (2019) e “Semente Exterminadora” (2017), ou, numa versão mais radical, na instalação fílmica “Vampires in Space” (2022) apresentada na Representação Oficial Portuguesa – Pavilhão de Portugal na 59.ª Bienal de Veneza. Neste novo filme o elemento paranormal da telepatia é assumido como absolutamente banal na vida das personagens, sendo usado como pano de fundo para o desenrolar de dramas interpessoais e um confronto psicológico das personagens consigo mesmas num mundo em rápida aceleração e fragmentação social. Esta telepatia foi uma técnica perfeita para trabalhar com o elenco e a montagem. A um nível mais teórico, este elemento especulativo é também revelador do modo como as tecnologias contemporâneas, das redes sociais à inteligência artificial, embora desenhadas para nos conectar, têm criado sentimentos profundos de isolamento e divisão, resultando numa crise generalizada de saúde mental e emocional. O filme propõe uma radicalização, tão emancipadora quanto assustadora, desta economia contemporânea de acesso e mediação: o que seria conectarmos com outros ao ponto de sentir física e emocionalmente o que a outra pessoa sente?.”

Como diz a produtora Catarina de Sousa, esta ligação foi assumida pela equipa, “a equipa poesia, que entendeu o filme com uma sensibilidade desde o início; onde todos, apesar da depressão Domingos que assolou a rodagem e de todos os imprevistos que daí surgiram, foram incansáveis, criando naturalmente um vínculo afetivo e de aconchego entre todos, fechados uma semana durante a tempestade numa casa escolhida pela arquitetura quente e humanista. O filme foi rodado quase integralmente na Vill’Alcina do arquiteto Sérgio Fernandez em Caminha, um clássico de 1974 que tinha quer a humildade quer o cosmopolitismo que a Isadora procurava. É essa ligação, essa sensibilidade, essa arquitetura, a poesia que percorre todo o filme”.

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