Filme sobre vida e obra de Caravaggio chega aos cinemas portugueses
“Caravaggio – a Alma e o Sangue” é uma emocionante jornada pela vida, o trabalho e a atormentada existência de Michelangelo Merisi da Caravaggio, um dos mais controversos e misteriosos artistas da História da Arte. Um dos primeiros filmes italianos rodados em 8k.
Caravaggio foi um artista revolucionário e, como resultado, frequentemente pouco apreciado pelos seus contemporâneos. Viajou por toda a Itália em busca de fortuna, ou talvez à procura de si mesmo, sempre a escapar dos inimigos que inevitavelmente criou ao longo do caminho. Milão, Florença, Roma, Nápoles, Malta: 5 cidades, mais de 15 localizações artísticas e 40 obras de arte, entre as mais famosas do estilo típico do artista, como Rapaz Mordido por um Lagarto, Autorretrato como Baco, Vocação de São Mateus, Judite e Holofernes, Medusa,Davi com a cabeça de Golias, Sete Obras de Misericórdia, em exposição nos maiores museus de Itália e do mundo, inclusivamente em alguns que ainda serão fundados, mas para os quais há obras encomendadas, como A Igreja da Congregação Francesa San Luigi dei Francesi, Santa Maria del Popolo e Sant’Agostino em Roma, Pio Monte della Misericordia em Nápoles e a Co-Categral de São João em Malta. Todos estes locais são protagonistas na narrativa do filme.
A Captura de Cristo (1602), de Caravaggio
O filme é um emocionante estudo e uma investigação que nos guia pelos espaços onde Caravaggio viveu e trabalhou, ou onde os seus trabalhos mais famosos podem ser encontrados atualmente. A começar com o realismo do seu primeiro trabalho, as composições de natureza morta, até às suas últimas pinturas, complexas cenas de figuras sagradas e profanas, a luz e a sombra a passar através da tempestuosa vida de um homem com o espírito atormentado. Desde a sua infância em Milão ao período que passou em Roma: Roma, a cidade da arte e do prazer, hoje possui a mais rica coleção de suas obras-primas, assim como exemplos das várias mudanças da sua técnica. Uma vida vivida em constante fuga leva a traçar um mapa, rico em cores e sempre em expansão, das suas viagens para o território da sua arte e alma; Nápoles, o local do seu exílio e da sua busca por Misericórdia; Malta, a cidade da ascensão e da queda.
A narrativa desenvolve-se em dois níveis: os comentários artísticos e as cenas “fotográficas” tão evocativas e simbólicas do espírito de Caravaggio e da sua arte, que ajudam o espectador a entrar em contacto com a forma como a mente do artista funcionava, os seus impulsos irreprimíveis, as suas experiências íntimas e a sua alma.
Vocação de Mateus (1599-1600), de Caravaggio
O comentário histórico é confiado ao Prof. Claudio Strinati, o conselheiro técnico, historiador de Arte e especialista em Caravaggio, que no filme conta a história do artista em relação direta com as suas pinturas. O filme também apresenta as bem fundamentadas contribuições do Prof. Mina Gregori, presidente da Fundação Roberto Longhi para os Estudos de História da Arte – que oferece diversas observações sobre o trabalho do artista, e Rossella Vodret (curadora da exposição “Dentro Caravaggio” no Palazzo Reale em Milão até 28 de Janeiro de 2018), que explica as descobertas mais recentes sobre a técnica pictorial do artista.
Nesta narrativa e comentários visuais, o homem Caravaggio e a sua existência atormentada são reconstruídos por uma pesquisa documental aprofundada focada na sua vida de luz e sombra, contraste e contradições, em ser um génio com um indisciplinado temperamento feroz e descobrir ecos das suas experiências pessoais nas suas obras-primas.
As investigações para rastrear a vida de Caravaggio começaram nos Arquivos Históricos da Diocese de Milão, onde encontramos o certificado de baptismo do artista, datado de 29 de Setembro de 1571, onde está declarado o seu local de nascimento a cidade de Milão e não, como sempre se pensou, a cidade de Caravaggio. Vemos então documentos que comprovam ações legais contra o artista e reforçam a imagem de temperamental, arrogante e propenso a brigas. Há ainda contratos de trabalhos artísticos, como no caso das capelas Contarelli e Cerasi.
A Cabeça da Medusa (1598), de Caravaggio
Esta é uma jornada dentro de Caravaggio, que segue o rasto que leva aos raios-x das últimas descobertas da técnica do artista, recentemente apresentada na exposição “Dentro Caravaggio”.
O filme também realiza um feito sem precedentes: ao restaurar uma pintura que foi rejeitada, a “Madona e o Menino com Santa Ana (Dei Palafrenieri)” (agora na Galeria Borghese), para o local onde havia sido feita originalmente – a Capela de São Miguel e Arcanjo, como se fosse hohe, na Basílica de São Pedro, ao lado da Marquise de Bernini. Assim o público pode admirar a sua beleza no seu contexto original, o cenário magnífico para o qual foi encomendado dentro da Basílica de São Pedro e de onde foi retirado após apenas um dia, por ter sido considerada obscena e ofensiva.
No filme, o espírito contemporâneo de Caravaggio é evocado pelo uso de simbólicos, fotográficos cenários em cenários contemporâneos por excelência, que retratam os humores e sentimentos de Caravaggio através de escolhas visuais e artísticas que causam um intenso e emocionante impacto: a compulsão/ busca por liberdade, a dor e a paixão, o desejo de viver perigosamente, a procura por misericórdia, até ao seu pedido por perdão e redenção. Filmagem macro extrema com cenas realizadas com pessoas reais nos papéis das personagens, não atores, assim como os modelos que Caravaggio costumava usar, criam empatia e uma relação mais direta com os espectadores.
O sacrifício de Isaac, de Caravaggio
Uma narrativa voice-over expressa o espectro total das mudanças de humor e sentimentos do artista, ao transmitir as nuances da sua personalidade e a trair as emoções muitas vezes violentas que sentia, o que ajuda ao espectador a conectar-se com a alma e a mente de Caravaggio.
“Caravaggio – a Alma e o Sangue” é uma experiência imersiva e um modo completamente novo de apresentar as pinturas do artista e o seu espírito íntimo. É um filme vibrante que conta a história da arte criada por um homem cuja ousadia e genialidade eram ambas o tormento e o momento com o qual alcançou a glória pela qual seria consagrado à eternidade.
Um projeto desenvolvido pelos criadores de “Rafaello – o Príncipe das Artes” e “Florença e a Galeria dos Ofícios”. Uma produção original Sky e Magnitudo Film com a aprovação da Gerência Geral da Divisão de Cinema do Ministério do Património Cultural, Atividades e Turismo, com o patrocínio da Câmara de milão, a colaboração do Media do Vaticano e do Palazzo Reale, em Milão, e o apoio da República de Malta.
O ciclo A Grande Arte no Cinema volta em março com o filme “Caravaggio – A Alma e o Sangue”, no dia 20 de Março, às 19h00, nos UCI Cinemas El Corte Inglés, em Lisboa, e Arrábida 20, no Porto.
