Francisco Pinto Balsemão e José Vera Jardim recordam o “Encontro dos Liberais”, 50 anos depois
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril assinala os 50 anos sobre o Encontro dos Liberais com um colóquio no dia 28 de junho, a partir das 14h30, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), em Lisboa. A sessão incluirá os testemunhos de Francisco Pinto Balsemão e de José Vera Jardim sobre um evento que, em 1973, reuniu democratas e liberais para discutir a situação política e o futuro do país, a propósito das eleições de outubro desse ano. Haverá também um painel com a visão de académicos sobre o acontecimento.
“Os 50 anos do 25 de Abril são uma oportunidade excecional para olharmos para os acontecimentos e personalidades que estiveram na origem da nossa democracia e que contribuíram para a sua construção. Temos o privilégio de contar ainda com participantes que podem deixar o seu testemunho. Até abril de 1974, a Comissão irá reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes momentos, dando destaque aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. Sempre que possível, fá-lo-emos através da memória de quem os viveu, tendo sempre presente o objetivo de levar a história às gerações já nascidas em liberdade”, afirma Maria Inácia Rezola, Comissária-Executiva.
Uma reflexão política na última etapa do Marcelismo
A 28 e 29 julho de 1973, teve lugar o «Encontro de Reflexão Política», que tinha como objetivo discutir a situação política e o futuro do país, nas vésperas das eleições de outubro desse ano. Reunindo um conjunto de homens e mulheres de várias tendências e orientações políticas, mas todas de cunho democrático e liberal, contou inclusivamente com a presença de ‘tecnocratas’ que haviam colaborado nos primeiros tempos da Primavera Marcelista e antigos e atuais deputados da Ala Liberal. Rapidamente ficou conhecido como «Encontro dos Liberais».
António Araújo, historiador e Comissário Científico da iniciativa, afirma: “O Encontro dos Liberais tem lugar na última etapa do Marcelismo, poucos meses antes do 25 de Abril. Um dos seus principais traços é a desilusão. Acontece numa fase em que as esperanças da ‘Primavera’ já se haviam desvanecido, como mostrava uma série de episódios sucessivos: a continuação das guerras ultramarinas; a revisão constitucional de 1971; a reeleição de Américo Thomaz, em 1972; a saída do Governo de muitos ‘tecnocratas’ liberais; o caso da Vigília da Capela do Rato, em janeiro de 1973, e o abandono de São Bento por parte de João Pedro Miller Guerra e de Francisco Sá Carneiro. Em pano de fundo, e além da Guerra Colonial, o endurecimento da repressão, um clássico do estertor de todos os regimes autoritários.”
Os elementos da antiga Ala Liberal acabariam por decidir não se apresentar ao sufrágio de 1973, deixando Marcelo Caetano ainda mais isolado.
Testemunhos, leituras académicas e próximas iniciativas
A sessão «O Encontro dos Liberais – 50 anos depois» decorre no dia 28 de junho entre as 14h40 e as 18h30, na sala de conferências do ANTT.
A primeira parte é dedicada aos testemunhos: Francisco Pinto Balsemão e José Vera Jardim partilham as suas memórias, moderados pelo jornalista José Pedro Castanheira. A segunda parte é dedicada à perspetiva académica. Participam Tiago Fernandes, Ana Catarina Pinto, Joana Reis e André Paris. A moderação fica a cargo de António Araújo.
Para assinalar este momento, a Comissão vai ainda disponibilizar no seu site um dossiê histórico sobre o tema, e, no último trimestre do ano, lançar uma publicação com a INCM - Imprensa Nacional Casa da Moeda.