Gestão dos museus só passa para os municípios se estes aceitarem

por Lusa,    12 Julho, 2023
Gestão dos museus só passa para os municípios se estes aceitarem
Fotografia de Alina Grubnyak / Unsplash
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, afirmou ontem, em Melgaço, que a gestão dos museus só vai passar para a alçada dos municípios se estes assim o aceitarem.

“Nos casos em que não há essa vontade, nós não vamos impor nada”, referiu, a propósito da reorganização do universo sob tutela da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), apresentada no passado mês de junho, que intervém na gestão dos museus e dos monumentos e prevê a transferência de competências de algumas das instituições para as respetivas autarquias.

Confrontado pelos jornalistas com as críticas já tornadas públicas por alguns municípios face à transferência da gestão de museus, Pedro Adão e Silva disse notar “alguma contradição”.

“Ao mesmo tempo que há uma reivindicação a dizer que é preciso passar para as regiões e para os municípios um conjunto de responsabilidades, ao mesmo tempo há um discurso de que essa passagem corresponde a uma desvalorização, porque significa que há uns quantos equipamentos que, afinal, deixam de ser classificados como nacionais. Não, a classificação, naturalmente, mantém-se”, referiu.

Para o governante, o objetivo é que cada um daqueles equipamentos tenha condições para que os seus diretores “possam gerir com agilidade para investir, para fixar os recursos humanos, para programar plurianualmente”.

“O que se pretende é aumentar efetivamente condições para que sejam os diretores a tomar essas decisões, pois há um conjunto de equipamentos que nós temos disponíveis para que eles passem para a gestão das autarquias”, disse ainda.

Frisou, no entanto, que “isso depende também da vontade das autarquias”.

“Se não houver vontade das autarquias, ficam onde estão”, rematou.

A partir de 01 de janeiro de 2024, de acordo com o modelo anunciado em junho por Adão e Silva, a DGPC vai dar lugar a duas entidades distintas: o instituto público Património Cultural, com sede no Porto, e a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal, com sede em Lisboa.

A Museus e Monumentos de Portugal E.P.E terá uma lógica empresarial na gestão dos museus, palácios e monumentos nacionais que têm à sua guarda tesouros nacionais, coleções de referência, monumentos ou conjuntos inscritos na Lista do Património Mundial da UNESCO.

O instituto público ficará responsável por tudo o que esteja relacionado com a gestão e salvaguarda do património cultural classificado ou em vias de classificação, vai gerir o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, o Laboratório de Arqueociências, o Forte de Sacavém, as Bibliotecas e os Arquivos de Arqueologia, assim como o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural.

No total, serão 34 os monumentos, conjuntos e sítios que ficarão afetos a este instituto público e que estavam sob a alçada da DGPC e das direções regionais de cultura, entre igrejas, conventos, mosteiros, templos, sés e sítios arqueológicos.

Prevê-se ainda a passagem da tutela para os municípios de sete museus e de mais de 60 monumentos e sítios que são considerados “património classificado como de interesse nacional, de interesse público ou de interesse municipal”.

A reorganização da DGPC foi apresentada pelo ministro da Cultura, em Lisboa, no passado dia 22 de junho.

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