Governo do Uganda negoceia com Banco Mundial após ameaça de corte de fundos

por Lusa,    11 Agosto, 2023
Governo do Uganda negoceia com Banco Mundial após ameaça de corte de fundos
Fotografia de daniel james / Unsplash
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O Governo do Uganda está a “negociar” com o Banco Mundial, depois de a instituição financeira ter dito, terça-feira, que não atribuirá novos fundos ao país africano após a aprovação, em maio passado, de uma lei anti-homossexualidade.

“Estamos a negociar com o Banco Mundial, mas se não chegarmos a um acordo, teremos de tomar algumas decisões sobre o orçamento que levaremos ao Parlamento para aprovação”, disse Henry Musasizi, ministro de Estado do Planeamento Financeiro e Desenvolvimento Económico, em comunicado divulgado quinta-feira.

Musasizi afirmou que a decisão do Banco Mundial terá “consequências terríveis para as operações do Governo”.

O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, disse na quarta-feira que as conversações iriam continuar para evitar “esta deriva” tanto quanto possível, mas rejeitou “a coação” do Banco Mundial, dizendo que “o Uganda irá desenvolver-se com ou sem empréstimos”.

Numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), o líder da oposição ugandesa, Robert Kyagulanyi, conhecido como ‘Bobi Wine’, considerou “perturbador” o facto de o Banco Mundial dar prioridade “apenas aos direitos dos homossexuais” e ignorar “todas as outras violações graves dos direitos humanos”.

O Grupo do Banco Mundial anunciou na terça-feira que “nenhum novo financiamento público ao Uganda será apresentado ao seu conselho de administração até que seja verificada a eficácia das medidas adicionais” que pôs em prática após a aprovação da lei para garantir que os projetos financiados são executados “em conformidade” com as suas “normas ambientais e sociais”.

“O nosso objetivo é proteger as minorias sexuais e de género da discriminação e da exclusão nos projetos que financiamos”, declarou a instituição num comunicado.

Museveni aprovou uma dura lei anti-homossexualidade no final de maio que aumenta a repressão contra lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, intersexuais e pessoas queer (um termo geral para pessoas que não são heterossexuais ou cuja identidade de género transcende a dicotomia homem-mulher).

A lei prevê penas de prisão longas e prevê a pena de morte para a “homossexualidade agravada”, um termo amplo utilizado para designar a prática de relações íntimas com um menor ou com outros grupos vulneráveis.

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