Governo liderado por Luís Montenegro quer promover português como língua oficial da ONU até 2030

por Lusa,    10 Abril, 2024
Governo liderado por Luís Montenegro quer promover português como língua oficial da ONU até 2030
Fotografia de Klaudia Piaskowska / Unsplash
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O Governo liderado por Luís Montenegro (Aliança Democrática) quer colocar o português como língua oficial da Organização das Nações Unidas até 2030, mantendo o apoio à Ucrânia contra a “agressão russa” e à solução dos dois Estados, Israel e Palestina. 

No capítulo intitulado “Um país global e humanista” do Programa do XXIV Governo Constitucional, o executivo afirma assumir “convicta e ambiciosamente os quatro eixos essenciais” da política externa portuguesa: “empenho ativo na construção europeia, aprofundamento e robustecimento do espaço lusófono, intensificação da cooperação transatlântica e defesa do multilateralismo”.

Eixos que decorrem, sublinha o programa, “do compromisso consensual e irrenunciável com a União Europeia (UE), a CPLP, a NATO e a ONU”.

Na ONU, o Governo compromete-se a “promover a candidatura da língua portuguesa como Língua Oficial da ONU, no horizonte até 2030” – um desiderato da diplomacia portuguesa e dos restantes países lusófonos, também defendido no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 

Ainda no âmbito das Nações Unidas, pretende promover a candidatura de Portugal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas no biénio 2027- 2028.

Sobre conflitos em curso, o programa afirma que Portugal, “no quadro da UE e da NATO, apoiará a Ucrânia, a nível humanitário, político, financeiro e militar, na defesa contra a agressão da Federação Russa, nos planos e esforços de reconstrução e no processo de alargamento da UE em curso”. 

O processo de adesão à UE, que inclui ainda a Moldova, os Balcãs Ocidentais e a Geórgia, “deverá ser precedido de uma reforma da arquitetura institucional e financeira da União para assegurar a eficácia da sua ação”, refere o programa sobre a Política Externa, tutelada pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

Quanto à guerra no Médio Oriente, “Portugal lutará pela adoção da solução dos dois Estados, reconhecendo a Israel o direito à legítima defesa contra o terrorismo, reclamando a libertação de todos os reféns e advogando o estrito respeito pelas regras de direito humanitário internacional, defendendo um cessar-fogo que faculte a ajuda humanitária e o estabelecimento de negociações com vista a uma paz duradoura, que passará pela autodeterminação do povo palestiniano”.

O Governo não se compromete explicitamente a reconhecer já o Estado palestiniano, numa altura em que o chefe do executivo espanhol, Pedro Sánchez, lidera um movimento no âmbito dos 27 para este passo – que pretende abordar com o primeiro-ministro português, na próxima segunda-feira em Madrid, na primeira visita oficial ao estrangeiro desde que tomou posse. 

“Promover as candidaturas de portugueses a cargos nas organizações internacionais e valorizar e apoiar as suas respetivas progressões de carreiras”, refere ainda o documento.

Sobre uma eventual candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu, o ministro Paulo Rangel adiantou que o Governo português não se vai opor à possibilidade de o ex-primeiro-ministro socialista vir a ocupar um cargo nas instituições europeias.

No âmbito da Lusofonia, o Governo quer mais estudantes de países de língua portuguesa matriculados em programas de intercâmbio académico entre os países da CPLP, aumentar o volume de comércio entre os países lusófonos e contribuir para missões internacionais de paz em cooperação com estes Estados.

Por outro lado, o executivo vê como “essencial” promover uma política externa económica e comercial “alinhada com os objetivos de criação de riqueza e de desenvolvimento económico e social”, que passa pelo desenvolvimento de uma “estratégia de internacionalização e de diplomacia económica transversal, numa estreita articulação entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Economia”.

Sobre as migrações, no quadro da UE, o Governo afirma apoiar uma política europeia de migração “eficaz, humanitária e segura”, no âmbito do pacto para migração e asilo e da reforma do Sistema Europeu Comum de Asilo (SECA).

O Programa do Governo da Aliança Democrática (AD) foi aprovado hoje, na véspera de dois dias de debate no parlamento, na quinta-feira e sexta-feira. 

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o documento tem como base o programa eleitoral da AD, mas incorpora mais de 60 medidas que coincidem com as de outros partidos.

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