Jacob Banks no Capitólio: nos trilhos do R&B alternativo
Era a noite de estreia em Portugal de Jacob Banks, músico nigeriano britânico que tem construído a sua carreira em torno do R&B alternativo. Um Capitólio bem composto, com o público a acumular-se junto do palco, dezenas de minutos antes do início do concerto. E desde o primeiro momento, sentiu-se o calor da plateia pelo artista e a banda que o acompanhava – emoção que, aliás, foi vivida com igual intensidade até ao fim da noite.
Banks surge de gorro e camisola escura, após uma inspirada introdução instrumental a cargo do baixista, baterista e guitarrista de serviço. Traz consigo a voz rouca e grave – o seu som de marca –, que partilha com os ouvintes de olhos fechados e mão no ar. E o concerto ganha tracção rapidamente, numa primeira fase muito movida à energia balanceante do reggae, que também convocava à sua música. Destaques para “Mexico” e “Mercy”, de ritmo estimulante, que puseram a sala a dançar.
Numa segunda fase, os batimentos por minuto diminuíram e a banda explorou um terreno mais próximo da soul; tendo a interpretação de “Peace of Mind” sido uns dos momentos altos da noite. E houve tempo para três covers, ora interpretados de forma livre, ora cruzados com as suas próprias músicas (num formato de rapsódia). Foi o caso, por exemplo, do clássico “Ain’t no Sunshine”, de Bill Withers, ou de “Fix You”, dos Coldplay, que colocou uma apaixonada plateia a cantar em uníssono. Foi mais ou menos por esta altura que o microfone do artista sofreu alguns problemas técnicos – à primeira música, admitimos que o efeito nos cativou, mas à segunda já estava nitidamente a perturbar a performance.
Felizmente, o problema foi resolvido na ponte para a terceira e última parte do concerto, que retomou alguma da energia inicial; particularmente com a excelente interpretação do baixista em “Unholy War”, que antecedeu o encore. A velocidade a que os dedos do músico se movimentavam também puxou pela emoção do vocalista, com quem interagiu na frente de palco.
No final, Banks agradeceu com a humildade e simplicidade que foram marca da sua presença no palco do Capitólio, diante de um público embevecido que, erguendo os telemóveis no ar uma última vez, cantou com o músico o seu hit mais conhecido, “Chainsmoking”. Fica-nos a sensação de que a soul e o R&B estão vivos, e continuam a trilhar o seu caminho na música contemporânea.