João Botelho adapta “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, obra literária de José Saramago. Filme estreia em Outubro

por Comunidade Cultura e Arte,    1 Setembro, 2020
João Botelho adapta “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, obra literária de José Saramago. Filme estreia em Outubro
“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Rua do Século, Bairro Alto, Lisboa © Luisa Ferreira

“Denota-se muito atual e ganha uma nova urgência com o regresso do atual populismo”, João Botelho sobre a obra literária de José Saramago. 

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” é uma adaptação cinematográfica do romance homónimo de José Saramago. Com estreia nos cinemas a 1 de Outubro, o filme realizado por João Botelho, conta no elenco principal com o ator brasileiro Chico Diaz (no papel de Ricardo Reis), Luís Lima Barreto (Fernando Pessoa) e com as atrizes Victoria Guerra e Catarina Wallenstein, entre outros.

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” passa-se em Lisboa, em 1936, quando o médico Ricardo Reis regressa a Portugal depois de se ‘auto-exilar’ no Brasil mais de uma década. Entrelaçando a ficção com a história, José Saramago concebeu um encontro particular, o do defunto Fernando Pessoa, com este heterónimo. 1936 é o ano de todos os perigos, do fascismo de Mussolini, do Nazismo de Hitler, da terrível guerra civil espanhola e do Estado Novo de Salazar.  Pessoa e Reis são dois lúcidos observadores da agonia de um tempo, tão similar ao que vivemos, onde ascendem os populismos e os totalitarismos. Nessa relação intrometem-se duas mulheres, Marcenda (Victoria Guerra) e Lídia (Catarina Wallenstein), as paixões platónicas, carnais e impossíveis de Ricardo Reis.

Produzido pela Ar de Filmes, com distribuição pela NOS Audiovisuais, “O Ano da Morte de Ricardo Reis” é uma alegoria que tem como pano de fundo a afirmação do Estado Novo. Para estar à altura deste notável romance do realismo fantástico, João Botelho decidiu filmar a preto e branco, criando um ambiente verosímil, onde os personagens se vão movendo, aflitos ou entusiasmados.

A par com as antestreias do filme previstas para 20 de setembro no Teatro Nacional São João e dia 21 no CCB, estará patente, neste último, uma exposição ao ar livre no Caminho José Saramago, que inaugurará já dia 15 de setembro na Fundação José Saramago. Trata-se de uma exposição composta por materiais gráficos do filme e da famosa agenda do escritor, elaborada pelo próprio, a partir da sua investigação na Biblioteca Nacional sobre a imprensa de 1936 e que serviram de base para a construção da trama da obra literária. Será uma oportunidade de confrontarmos as anotações de José Saramago com os Jornais da época.

Para João Botelho a obra de Saramago “denota-se muito atual e ganha uma nova urgência com o regresso do atual populismo”, e enquadra-se na tendência do cinema do realizador nos últimos anos, fixando para cinema grandes obras da literatura portuguesa.

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Rua do Século, Bairro Alto, Lisboa © Luisa Ferreira

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Alto de Santa Catarina no Jardim Botto Machado, Lisboa © Luisa Ferreira

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Alto de Santa Catarina no Jardim Botto Machado, Lisboa © Luisa Ferreira

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Alcochete © Luisa Ferreira

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Coimbra © Luisa Ferreira

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de João Botelho. Alto de Santa Catarina no Jardim Botto Machado, Lisboa © Luisa Ferreira

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