Jornalista Catarina Gomes lança livro sobre filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial
A jornalista Catarina Gomes lança livro “Furriel Não é Nome de Pai”, editado pela Tinta da China, sobre os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial. A obra de 224 páginas chega às livrarias portuguesas a 25 de Maio e custa 16,90€.
Chamavam “resto de tuga” a Fernando e ele não percebia porquê, até ao dia em que descobriu que era filho de um português que combatera na Guiné. Procurou o pai pelo nome que achava que ele tinha, o único nome que a sua mãe decorou: furriel. Uma patente militar é pouco, mas Fernando não desiste.
A história de Fernando repete-se com outros nomes: o de Óscar, sovado todos os dias pelo padrasto, por ter nascido com a pele mais clara; o dos gémeos Celestina e Celestino, que guardam, aos 40 anos, a fotografia desbotada de um jovem militar que não quer conhecê-los. Não se sabe o número de casos, porque estas contas nunca se fizeram.
Catarina Gomes partiu para África levando na mala um dos maiores tabus entre os militares portugueses: os filhos da guerra, crianças que ficaram para trás (em Angola, Moçambique e na Guiné-Bissau) quando terminou o conflito e que há anos buscam uma identidade perdida, sem que o próprio Estado português reconheça a dimensão desta realidade. Esta é a primeira vez que se conta a sua história.
Catarina Gomes foi jornalistas do Público durante quase 20 anos, e é autora de vários trabalhos premiados. As duas grandes reportagens que deram origem a este livro receberam o Prémio Gazeta (multimédia), e Prémio Literário Orlando Gonçalves e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha; uma das reportagens foi finalista do Prémio Gabriel García Márquez. Co-argumentista do documentário “Natália, a Diva Tragicómica”, de 2011, Catarina Gomes publicou ainda “Pai, Tiveste Medo?”, de 2014, um livro sobre a geração de portugueses filhos de ex-combatentes.