Macron rejeita pedir “desculpa” à Argélia por colonização

por Lusa,    12 Janeiro, 2023
Macron rejeita pedir “desculpa” à Argélia por colonização
Macron / ©FNMF/N. MERGUI
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O Presidente francês, Emmanuel Macron, diz que “não tem de pedir desculpa” à Argélia pela colonização, mas espera receber o seu homólogo argelino, Abdelmajid Tebboune, em França, em 2023 para a reconciliação entre os dois países.

Não tenho de pedir desculpa, não é esse o ponto, a palavra quebraria todos os laços”, explicou Macron numa entrevista ao jornalista franco-argelino Kamel Daoud do semanário Le Point publicada ontem à noite.

O pior seria concluir: Pedimos desculpa e cada um segue o seu caminho. O trabalho da memória e da história não é um balanço de todas as contas. (…) É, ao contrário, sustentar que há algo inqualificável, algo imperdoável”, enfatizou.

A questão do perdão está no centro das relações bilaterais e das tensões recorrentes entre os dois países.

Em 2020, a Argélia recebeu recentemente um relatório do historiador francês Benjamin Stora, defendendo uma série de gestos para tentar reconciliar os dois países, excluindo “arrependimento” e “desculpas”.

Também espero que o presidente Tebboune possa vir a França em 2023”, indicou Macron, para continuar “um trabalho de amizade sem precedentes (…)”, após ter visitado a Argélia em agosto de 2022.

A viagem de Macron a Argel em agosto passado ajudou a colocar as relações bilaterais de volta à discussão pública depois de uma crise devido aos cometários que fez em outubro de 2021.

O chefe de Estado criticou na altura o “sistema político-militar” argelino por navegar na “renda memorial” e questionou a existência de uma nação argelina antes da colonização.

Pode ser uma frase desajeita que pode magoar”. Mas “estes momentos de tensão ensinam-nos. É preciso saber estender a mão”, acrescentou.

Macron apelou também ao “apaziguamento” das tensões entre Argélia e Marrocos.

A Argélia cortou relações diplomáticas com Marrocos em agosto de 2021, acusando Rabat de “atos hostis”. Uma decisão “totalmente injustificada”, segundo Rabat.

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