Metronomy: à segunda-feira nós dançamos
Depois de, em Junho, os Metronomy terem mostrado ao Porto, durante o NOS Primavera Sound, o seu álbum Summer 08, estava intrinsecamente prometida uma vinda a Lisboa que não se fez esperar, e ainda em tempo veraneante. Mas antes disso, houve um excelente aquecimento. As hostes foram abertas por XINOBI em formato banda. Primeiramente a medo, cedo as batidas dançantes do grupo liderado por Bruno Cardoso, acompanhadas pela voz doce de Sequin, foram despertando o público para a dança. “Não durmo há 36 horas, ajudem-me a manter acordado” foi o mote para que o público se entregasse à banda de abertura. A apresentar o novo trabalho On The Quiet, foi o single Far Away Place cantado pela convidada especial Margarida Falcão, um dos rostos das Golden Slumbers, que conquistou definitivamente os mais reticentes até então, naquele que resultou no primeiro de vários momentos altos da noite.
XINOBI despediram-se deixando-nos a dançar, mas também a aguardar cada vez mais por Metronomy. E os britânicos não nos fizeram esperar muito.
Na entrada em palco, ao habitual quarteto composto pelo cérebro e líder do grupo Joseh Mount, ao carismático baixista Gbenga Adelekan, ao teclista Oscar Cash e à baterista Anna Prior junta-se o também já recorrente membro de performances ao vivo da banda, Michael Lovett. A banda arrancou pronta para nos meter a suar com o seu electro-pop-galático-psicadélico, que imaginamos ser banda sonora perfeita de um qualquer jogo de culto de consola nos anos 90 e que nos transporta numa viagem sensorial para uma qualquer galáxia distante. Arrancamos com Back Together, uma música lógica nestas ocasiões. Estamos juntos, novamente. É à quarta música, The Bay, que há a primeira grande explosão em uníssono na plateia que cobria todo o piso do Coliseu. O chão estava certamente em lava pois ninguém tinha os pés no chão, nem nas bancadas dançantes. Dos mais jovens aos mais velhos, não há idades quando dançamos, cada um à sua maneira.
A voz de Joseh Mount, porventura cansada, nem sempre acompanhou da melhor forma a vivacidade das batidas que se lhe sobrepunham. Nada de preocupante. Metronomy não é como a grande maioria das bandas. A música de Metronomy celebra-se, seguindo-lhe ou não a letra. Sinónimo dessa celebração é Love Letters que nunca sabemos bem se cantamos, dançamos ou arriscamos tentando fazer ambas. É um dos hinos da banda e o público faz questão de o demonstrar.
Outra das explosões da noite estava já a antever-se em The Look. Não deixa de ser sintomático o peso que English Riviera ainda tem hoje junto dos fãs e da banda, que certamente não fica indiferente ao efeito que os singles do aclamado albúm de 2011 ainda deixa nos seus fãs hoje em dia. Será difícil livrarem-se do peso que o passado albúm continua a exercer num concerto de promoção a um trabalho mais recente, mas caberá à banda saber conviver, e parece que sabe, dando-lhe o espaço que continua a ser necessário, não o ostracizando.
The Look fazia-nos prever uma saída anunciada de palco, que, por sua vez, prenunciava também já o final do espectáculo. As batidas de pés no chão, os gritos e as palmas cobertos pelo ambiente deixado pelas luzes apagadas receberam novamente a banda para o encore, desta vez com Joe Mount a pegar nas baquetas e sentar-se no lugar habitual de Anna Prior, que se chegou à frente para terminar o concerto a cantar Everything Goes My Way.
Final belo, mas porventura ameno em demasia. Não interessa, na verdade. Ninguém se vai lembrar disso mas sim da enorme pista de dança em que o Coliseu dos Recreios se tornou. Se o Verão teima em não nos deixar, este concerto, inserido na tour do albúm Summer 08, teimou em meter-nos a saltar e fez-nos sair da sala cansados, mas de sorriso nos lábios, prontos para enfrentar, com redobrada disposição, uma terça-feira véspera de feriado.
Fotografias de Joana Dias / CCA