“Milagre na Cela 7”: uma história de amor e superação que nos leva às lágrimas

por Espalha-Factos,    11 Abril, 2020
“Milagre na Cela 7”: uma história de amor e superação que nos leva às lágrimas
“Milagre na Cela 7” / Fotografia: Divulgação
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Milagre na Cela 7, filme turco estreado em 2019, está disponível na Netflix desde 13 de março. Realizado por Mehmet Ada Öztekin, a história segue a vida de uma criança cujo pai tem um distúrbio cognitivo que o faz ter a idade mental da filha.

Num remake mais sério que o original coreano lançado em 2013, o impacto narrativo que os guionistas da produção turca criaram tem mantido a série no Top 10 da plataforma de streaming e está a deixar os espectadores em prantos.

Um dos relacionamentos mais valorizados e estimados são aqueles que partilhamos com os nossos pais ou filhos; neste caso, particularmente entre pai e filha. Parece que existe algo único nessa ligação e que é sentida por muitos.

“Milagre na Cela 7” / Fotografia: Divulgação

Na maior parte das vezes, e quando as palavras não chegam para expressar esse tipo de amor incondicional, torna-se mais fácil recorrer a ações para fortalecer o vínculo dessa relação.

Milagre na Cela 7 é um dos filmes que aborda a beleza deste elo e o retrata com uma verdade magnífica. Memo (Aras Bulut Iynemli), um pastor, e Ova (Nisa Sofiya Aksongur) são pai e filha. A ligação entre os dois é bastante forte e genuína, já que a mãe de Ova morreu quando a menina nasceu.

Apesar de Ova ser gozada na escola pela deficiência do pai, os dois ultrapassam qualquer barreira sem dificuldades porque as opiniões alheias não têm impacto neles. Foi claramente um dos pormenores que mais gostei no filme.

Um carrossel de emoções

Esta não é uma história própria para cardíacos. Desde o primeiro minuto que entramos num carrossel de emoções que não pára e nos faz sorrir e chorar ao mesmo tempo.

Quando Memo é condenado e preso por um crime que não cometeu, Ova vê-se sozinha e desamparada, sem saber como lidar com a distância forçada entre ela e o pai. Por momentos, quase sentimos aquela dor e a aflição que uma atriz tão nova mas tão talentosa consegue transmitir.

“Milagre na Cela 7” / Fotografia: Divulgação

O nó na garganta não fica por aqui. À medida que os minutos passam, o filme mostra também a luta de Memo na prisão, a sua bondade e alegria a contrastar com a crueldade dos condenados que o pintam como um assassino de crianças.

O nosso coração vai apertando quando os colegas de cela de Memo, na mágica cela número 7, passam a perceber a condição mental do pastor e entendem que não há um pingo de maldade nele. É quase como se respirássemos de alívio por finalmente estar a ser compreendido e tratado como devia.

A jornada de Memo para provar a sua inocência e o esforço de Ova para seguir uma pista e conseguir que se faça justiça torna-se na sua única esperança.

A bondade prevalece

Apesar de nos transmitir 1001 emoções, esta história mantém-nos agarrados ao ecrã e desesperados por saber qual a próxima reviravolta. Aos poucos, o título do filme vai-se tornando fiel a si mesmo. Acontece realmente um milagre na cela número 7.

Memo e Ova em “Milagre na Cela 7” / Fotografia: Divulgação

Ao mesmo tempo que ficamos presos a questões éticas, o filme também destaca o poder do amor, a influência de atos de bondade e a descoberta do bem mesmo nos piores momentos.

A maior conquista de Milagre na Cela 7 é captar a bondade e amor que prevalecem durante um acontecimento terrível, sem perder a sensibilidade nos momentos dramáticos.

As razões pelas quais o filme nos leva às lágrimas são simples: a transição entre a vida dificultada de Memo na prisão para a eventual compaixão dos companheiros de cela que se tornam nos seus melhores amigos e o amor que nutre com pela filha enquanto anseia pela união dos dois.

A naturalidade com que os atores interpretam as suas personagens sem recorrer a exageros é o que nos faz criar tanta empatia com a história, já que, em tempos difíceis, nunca é demais dar destaque à sensibilidade e ao lado bom do ser humano.

Crítica escrita por Ana Silva, originalmente publicada em Espalha Factos.

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