Morreram quase 100 jornalistas em 2023. Mais de 70 eram palestinianos

por Lusa,    18 Fevereiro, 2024
Morreram quase 100 jornalistas em 2023. Mais de 70 eram palestinianos
Fotografia de Mohammed Ibrahim / Unsplash
PUB

Mais de setenta dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram-no “em ataques israelitas a Gaza”, onde Israel está em guerra com o movimento islamita palestiniano Hamas, revelou a Comissão de Proteção dos Jornalistas.

No seu relatório anual, a associação com sede em Nova Iorque, financiada por donativos privados e que há 40 anos denuncia assassínios, encarceramentos, violência, censura e ameaças a jornalistas, indicou tratar-se de um dos piores balanços que já fez: representa um aumento de 44% num ano de profissionais da imprensa mortos em todo o mundo.

Dos 99 mortos em 2023, “a grande maioria (72) eram jornalistas palestinianos que foram mortos em ataques israelitas a Gaza, ao passo que, em contraste, fora desse conflito, 22 jornalistas e trabalhadores de órgãos de comunicação social foram mortos em 18 países”, alertou a Comissão de Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Os “jornalistas em Gaza são testemunhas na linha da frente”, sublinhou a diretora da CPJ, Jodie Ginsberg, citada no relatório.

“O sofrimento dos jornalistas palestinianos nesta guerra terá efeitos duradouros no jornalismo, não apenas nos territórios palestinianos, mas também na região e para além dela. Cada jornalista morto é um atentado à nossa compreensão do mundo”, condenou a diretora da organização não-governamental (ONG), referindo igualmente as mortes de três jornalistas libaneses e dois israelitas.

Segundo a CPJ, desde o início da guerra desencadeada a 07 de outubro de 2023 por um ataque de combatentes do Hamas ao sul de Israel, que fez 1.163 mortos, na maioria civis, e até 07 de fevereiro deste ano, foram mortos 85 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação social na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel jurou “destruir” o Hamas, desde 2007 no poder em Gaza e que, juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia, considera uma organização terrorista, e iniciou uma ofensiva que até agora já fez 28.576 mortos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades locais.

Em 2023, a CPJ já se tinha mostrado alarmada pelo facto de os meios de comunicação social “parecerem estar a ser alvo” do Exército israelita, em particular uma dezena de mortos em Gaza possivelmente “visados de forma deliberada”, o que poderá constituir um “crime de guerra”.

Fora do conflito do Médio Oriente, as Filipinas e a Somália estão “entre os países mais mortíferos para a imprensa”, adverte a CPJ, constatando contudo uma diminuição acentuada do número de jornalistas mortos no México e na Ucrânia.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.