Nova temporada do Teatro Municipal do Porto com 80 espetáculos, 11 serão estreias absolutas

por Lusa,    30 Novembro, 2023
Nova temporada do Teatro Municipal do Porto com 80 espetáculos, 11 serão estreias absolutas
“Pêndulo” de Marco Martins
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A próxima temporada do Teatro Municipal do Porto (TMP) arranca em janeiro e conta com 80 espetáculos, 11 dos quais estreias absolutas, oito nacionais e 20 coproduções que incluem 12 de artistas ou companhias locais, foi hoje anunciado.

“Era muito importante não haver um corte radical com qualquer parceria da cidade. Resolvemos manter o contexto e a regularidade, mas mudar um pouquinho o conteúdo […]. A nossa programação é assumidamente uma programação de questionamento um pouco mais político e social”, disse Cristina Planas Leitão, coreógrafa e intérprete que divide a direção artística do TMP com o programador e curador norte-americano Drew Klein.

Em declarações aos jornalistas após a apresentação de uma temporada que – de janeiro a junho – se compromete a abordar, no Rivoli e no Campo Alegre, “a complexidade do mundo” e apresenta “diferentes realidades vividas em palco”, Cristina Planas Leitão falou da aposta em “distorcer um pouquinho aquilo que já foi criado antes e dar espaço ao questionamento”, nomeadamente através de artistas que promovem um discurso sobre a acessibilidade, entre outros aspetos.

A nova temporada começa a 12 e 13 de janeiro com “Bravo 23!” do Teatro Praga, e prossegue com a comemoração do 92.º aniversário do Rivoli, nos dias 19 e 20, com Miet Warlop/Irene Warlop a apresentar, em estreia nacional, “One Song: Histoir(s) du Théâtra IV” e “Bertie”, de Rita Barbosa.

“Por tradição, no aniversário apresentavam-se grandes companhias e este ano resolvemos rasgar um pouquinho com essa tradição. É um programa que nos confronta com a realidade”, descreveu Cristina Planas Leitão.

Os sucessores de Tiago Guedes também destacaram a aposta na realidade virtual que acontecerá com “Bertie”, uma experiência em rede que será apresentada em simultâneo no Rivoli, no Campo Alegre e no gnration (Braga), partindo da ideia de um jogo eletrónico cooperativo.

“Há várias realidades, tanto a nível de conteúdo como de forma, que começamos a explorar nesta temporada. A Rita é uma primeira aposta e ainda é um experimento total. A partir de setembro teremos mais. A realidade virtual está cada vez mais presente. É uma realidade dos adolescentes que passam muito tempo num plano paralelo que não é o presencial. Resolvemos arriscar logo no aniversário”, descreveu a codiretora.

Fevereiro arranca, nos dias 02 e 03, com “Pêndulo” de Marco Martins, no Campo Alegre, espaço que também recebe, a 9 e 10, “A Missão da Missão”, da Aurora Negra, “uma revolução feminina e negra de sete mulheres em ciclos constantes de esperança”, lê-se na sinopse da peça.

Ainda em fevereiro, o CCN – Ballet de Lorraine traz ao Porto, em estreia nacional, “Acid Gems”, de Adam Linder, e “Static Shot”, de Maud le Pladec, dois jovens coreógrafos que desafiaram a estrutura clássica (dias 25 e 26, no Rivoli).

“Têm uma estética mais punk e mais disruptiva”, resumiu Cristina Planas Leitão, ao abordar a ideia de que a nova temporada do TMP reunirá “formatos que são conhecidos, mas com recheio completamente distinto”, bem como “nomes consagrados, mas que questionam o mundo atual”.

“Até mesmo a Companhia Nacional de Bailado (CNB) traz uma linha mais contemporânea”, acrescentou, referindo-se a um espetáculo agendado para 30 e 31 de maio e 01 de junho, no Grande Auditório do Rivoli, que junta três nomes da dança contemporânea: Hofesh Shechter, Vasco Wellenkamp e Ohad Naharin.

Antes, em 08 e 09 de março, o Rivoli recebe a coreógrafa Marlene Monteiro Freitas com a companhia Dançando com a Diferença com “ÔSS”.

Nos dias 22 e 23, estreia-se em Portugal “The Dan Daw Show”, numa coapresentação TMP/Culturgest, um espetáculo que Cristina Planas Leitão acredita que despertará “muitas lágrimas”.

“O Dan é uma pessoa extraordinária. Tem sido pioneiro como voz muito presente no panorama europeu em relação a mudar políticas de acessibilidade. É uma das poucas pessoas com paralisia cerebral que faz parte de painéis de júris e de comités curatoriais”, referiu.

Abril, “mês da revolução”, será marcado por “G.O.L.P.” de Gonçalo Amorim /TEP & Alexis Moreno/ Teatro La Maria, uma comédia em estreia nacional no Rivoli, dias 04, 05 e 06.

Depois, a artista ativista Tita Maravilha toma conta do Rivoli, a 06 de abril, com a segunda edição do Festival de Performance “#PRECÁRIAS”, um projeto intercultural e comunitário focado em pessoas trans, queer, não-binárias, mulheres e racializadas que se dedica à criação de narrativas alternativas.

Em junho, dias 06 e 07, estreia-se no Rivoli “ZHA!” do projeto portuense Visões Úteis, uma peça com direção artística de Inês Carvalho, e o Ballet National de Marseille apresenta “Age of Content”, nos dias 14 e 15 também no Rivoli.

Este ciclo de programação inclui festivais como o DDD – Festival Dias da Dança (de 23 de abril a 05 de maio), o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (de 14 a 25 de maio) ou o Trengo – Festival de Circo do Porto (dias 28 e 29 de junho).

“O DDD coincide com os 50 anos do 25 de Abril, mas não será sobre a revolução. Mostrará, isso sim, como a dança pode ser revolucionária”, apontaram os responsáveis.

Oficinas, ‘masterclasses’, visitas dramatúrgicas, ensaios e aulas abertas e conversas pós-espetáculos são outros dos destaques de uma temporada que terá uma novidade: o podcast “Mescla” conduzido pela atriz, performer e poeta Rafaela Jacinto, disponível nas plataformas de ‘streaming’.

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