“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou”, de Vicente Valentim, chega às livrarias portuguesas em Abril

por Rui André Soares,    20 Março, 2024
“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou”, de Vicente Valentim, chega às livrarias portuguesas em Abril
Detalhe da capa do livro (ed. Gradiva) / DR
PUB

“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou” é da autoria de Vicente Valentim, licenciado em Música na variante de Jazz, na Escola Superior de Música de Lisboa e doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença. A obra deste leiriense, que hoje é investigador e professor na Universidade de Oxford, tem 160 páginas e prefácio de Pedro Mexia. O livro apresenta fontes e dados — recolhidos ao longo de 6 anos — que corroboram os pontos chave desta normalização, e é editado em Portugal pela Gradiva a 16 de Abril.

“Nos últimos anos, os partidos de direita radical tornaram-se actores políticos centrais na maior parte dos países europeus. O que explica o aumento do sucesso eleitoral destes partidos? Se a mudança das ideias políticas é um processo particularmente lento, porque crescem eles tão depressa, parecendo vir ‘do nada’? A resposta, como argumenta Vicente Valentim neste seu primeiro livro, está no facto de grande parte das pessoas que expressam actualmente o seu apoio à direita radical já terem antecipadamente essas ideias em privado, não tendo até agora à-vontade para o manifestarem em público por causa da pressão social”, pode ler-se no site da editora.

“De leitura obrigatória para todos os interessados em partidos políticos, normas sociais, populismo ou no futuro da política europeia.”

Ben Ansell, Professor de Instituições Democráticas, Universidade de Oxford, Autor de “Porque Falha a Política” (ed. Ideias de Ler).

O autor assume ainda, via X (ex-Twitter), que escreveu este livro porque “acho que a forma como analisamos o crescimento da direita radical na Europa não o consegue explicar inteiramente. Há explicações económicas (mudanças na estrutura da economia) e culturais (alteração de valores predominantes na sociedade)“, refere. “Mas as duas explicações acabam por assumir que o crescimento da direita radical se deve ao eleitorado se tornar ‘mais de direita radical’. Ou seja, assumimos que havia pessoas que antes tinham outras ideologias e que agora aderem à da direita radical“, acrescenta.

Capa do livro (ed. Gradiva)

“O Fim Da Vergonha – Como a direita radical se normalizou” de Vicente Valentim (ouve aqui a entrevista de Daniel Oliveira ao autor) resulta da adaptação para português do seu primeiro livro ­”The Normalization of the Radical Right”, publicado em inglês pela prestigiada editora Oxford University Press.

O problema com estas explicações é que as pessoas não mudam as suas ideias políticas depressa o suficiente para explicar a velocidade com que a direita radical cresce. É comum que estes partidos passem de 0% dos votos a algo como 15% em apenas um par de eleições“, assume ainda o autor. “Assim, este livro apresenta uma explicação diferente: Muitas das pessoas que agora apoiam a direita radical já tinham essas ideias em privado, mas não as mostravam por terem medo de julgamento e repercussões sociais. O livro analisa como este medo fazia com que as pessoas de direita radical não mostrassem as suas ideias em público e como isso, por sua vez, fazia com que esta ideologia tivesse líderes pouco competentes e incapazes de mobilizar até pessoas que tinham ideias de direita radical. Depois, investiga como tudo isto pode mudar quando um líder hábil e competente se junta à direita radical, colocando em marcha um processo de normalização que acaba por fazer com que a expressão de ideias de direita radical se torne mais socialmente aceitável“, refere Vicente Valentim via X (ex-Twitter).

Em 2022, Vicente Valentim foi ainda o primeiro português a receber o Prémio Jean Blondel, atribuído pelo European Consortium for Political Research para a melhor tese escrita na Europa no domínio da Ciência Política.

PUB

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.