“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou”, de Vicente Valentim, é apresentado hoje em Lisboa

por Comunidade Cultura e Arte,    16 Abril, 2024
“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou”, de Vicente Valentim, é apresentado hoje em Lisboa
Vicente Valentim / DR
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“O Fim da Vergonha — Como a direita radical se normalizou” é da autoria de Vicente Valentim, licenciado em Música na variante de Jazz, na Escola Superior de Música de Lisboa e doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu, em Florença. A obra deste leiriense, que hoje é investigador e professor na Universidade de Oxford, tem 160 páginas e prefácio de Pedro Mexia. O livro apresenta fontes e dados — recolhidos ao longo de 6 anos — que corroboram os pontos chave desta normalização e é editado hoje (16 de Abril).

A obra será apresentada pela economista Susana Peralta, pela advogada Leonor Caldeira e pelo investigador Pedro Magalhães na livraria Almedina Atrium do Saldanha, pelas 18h30. O autor também marcará presença.

Capa do livro (ed. Gradiva)

“Nos últimos anos, os partidos de direita radical tornaram-se actores políticos centrais na maior parte dos países europeus. O que explica o aumento do sucesso eleitoral destes partidos? Se a mudança das ideias políticas é um processo particularmente lento, porque crescem eles tão depressa, parecendo vir ‘do nada’? A resposta, como argumenta Vicente Valentim neste seu primeiro livro, está no facto de grande parte das pessoas que expressam actualmente o seu apoio à direita radical já terem antecipadamente essas ideias em privado, não tendo até agora à-vontade para o manifestarem em público por causa da pressão social”, pode ler-se no site da editora.

Vicente Valentim assume ainda, via X (ex-Twitter), que escreveu este livro porque “acho que a forma como analisamos o crescimento da direita radical na Europa não o consegue explicar inteiramente. Há explicações económicas (mudanças na estrutura da economia) e culturais (alteração de valores predominantes na sociedade)“, refere. “Mas as duas explicações acabam por assumir que o crescimento da direita radical se deve ao eleitorado se tornar ‘mais de direita radical’. Ou seja, assumimos que havia pessoas que antes tinham outras ideologias e que agora aderem à da direita radical“, acrescenta.

O problema com estas explicações é que as pessoas não mudam as suas ideias políticas depressa o suficiente para explicar a velocidade com que a direita radical cresce. É comum que estes partidos passem de 0% dos votos a algo como 15% em apenas um par de eleições“, assume ainda o autor. “Assim, este livro apresenta uma explicação diferente: Muitas das pessoas que agora apoiam a direita radical já tinham essas ideias em privado, mas não as mostravam por terem medo de julgamento e repercussões sociais. O livro analisa como este medo fazia com que as pessoas de direita radical não mostrassem as suas ideias em público e como isso, por sua vez, fazia com que esta ideologia tivesse líderes pouco competentes e incapazes de mobilizar até pessoas que tinham ideias de direita radical. Depois, investiga como tudo isto pode mudar quando um líder hábil e competente se junta à direita radical, colocando em marcha um processo de normalização que acaba por fazer com que a expressão de ideias de direita radical se torne mais socialmente aceitável“, refere ainda o autor via X (ex-Twitter).

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