Open House Lisboa: “A Rebeldia do Invisível” ocupa as ruas e os edifícios de Lisboa e Almada

por Linda Formiga,    10 Maio, 2022
Open House Lisboa: “A Rebeldia do Invisível” ocupa as ruas e os edifícios de Lisboa e Almada
Casa Caramelo, em Santa Isabel / Fotografia de Inês d’Orey
PUB

No fim-de-semana de 14 e 15 de Maio poderemos conhecer o interior do Tribunal Constitucional, saber a história da família Ratton que construiu o palácio enquanto se conhecem os processos mais ou menos burocráticos dos 13 juízes que constituem o Tribunal. Ou poderemos ter uma visão sobre os telhados de Lisboa e sobre o Tejo do topo do Verride Palácio de Santa Catarina, outrora um palacete destruído pelo terramoto, outrora a residência do Conde de Verride, outrora ocupado pela Caixa Geral de Depósitos, hoje um dos hotéis mais carismáticos da cidade. Ou poderemos conhecer o que está por detrás das fachadas, o que persiste do passado e o que tem agora a marca da arquitectura contemporânea, pois a Open House Lisboa abre pela 11.ª vez as portas de espaços sob o tema “A Rebeldia do Invisível”. Comissariada pelo Atelier Aurora Arquitectos, terá como premissa mostrar Lisboa do ponto de vista arquitectónico, dos padrões que definem uma identidade e de que forma estes vão mudando à medida que alguém projecta. 

“Há uma tentativa de manter a identidade dos bairros através das fachadas, que Lisboa temos hoje por trás dessas fachadas?” é a questão que nos é colocada por Sofia Couto e Sérgio Antunes, do Atelier Aurora. A resposta a esta e a muitas outras perguntas poderá ser encontrada nos 69 espaços que compõem esta edição da Open House. Se por um lado temos os palácios, as igrejas ou os espaços culturais que de alguma forma já habitam no nosso imaginário, por outro temos espaços privados, residências de pessoas que abrem generosamente as portas de suas casas para mostrar a arquitectura vivida no quotidiano.

Casa na Assis Pacheco – Armazém JJ / Fotografai de João Guimarães

Mies van der Rohe disse que “A arquitetura é a vontade de uma época traduzida em espaço.” Na Open House pretende-se conhecer os espaços e o património imaterial, de quem vive, passa, conhece e desconhece os espaços que habitam a cidade. E, mais uma vez, a Open House expande-se além da cidade de Lisboa e calcorreia também Almada, para mostrar “a irreverência da margem sul, mostrar os projectos e edifícios que precisam aí de reconstrução”. Mostrar que a era em que Almada e a margem sul eram vistas como locais de dormitório terminou e que são espaços de transformação, locais de uma reflexão emergente e que vão marcar a Área Metropolitana de Lisboa. 

E porque as cidades são das pessoas que as visitam e as habitam, durante este fim-de-semana haverá cinco percursos urbanos com Flávio Lopes, Vítor Belanciano, Lucinda Correia, Jana Stitchini Vilela e Paula Melâneo, onde haverá lugar à reflexão e à contemplação. Nestes pensar-se-á sobre o património urbano, sobre o espaço público, os bairros históricos, a cidade desconhecida e o planeamento urbano durante 60 a 90 minutos, com partidas e chegadas a muitos dos espaços que podem ser visitados durante a Open House. 

Casa Caramelo, em Santa Isabel / Fotografia de Inês d’Orey

Como legado da pandemia de COVID-19 que nos obrigou a repensar os nossos próprios espaços, haverá também um passeio sonoro do artista Daniel Blaufuks, um álbum de viagens do Cais do Sodré ao Rossio, que poderá ser feito de forma individual. Este passeio — tal como os passeios sonoros das edições anteriores — estão disponíveis no SoundCloud e no Spotify do Open House Lisboa. 

A generosidade da Open House não se esgota nas visitas a espaços públicos e privados, e numa demanda pela acessibilidade, muitas vezes esquecida pelo frenesim, haverá igualmente visitas acessíveis para pessoas portadoras de deficiência. Também os mais novos poderão explorar os limites da sua imaginação com o programa Júnior. 

Biblioteca de Alcantara-, Palacete do Conde de Burnay / DR

Poderá consultar-se todos os espaços que podem ser visitados aqui. A partir de hoje, dia 9 de Maio, poderá fazer-se a marcação das visitas em 22 espaços que carecem de marcação. Poderá fazer-se a marcação para visitas acessíveis e para o programa júnior, enviando um email até 12 de Maio para: actividades@trienaldelisboa.com.

O Open House Lisboa é co-produzido pela Trienal de Lisboa e a EGEAC e conta uma vez mais com as parcerias estratégicas da Câmara Municipal de Lisboa e da Câmara Municipal de Almada. Consulte o programa completo aqui.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados