Os melhores filmes do Festival de Veneza 2020

por Pedro Barriga,    1 Outubro, 2020
Os melhores filmes do Festival de Veneza 2020
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Na indústria do cinema, o outono é sempre marcado pelas estreias mundiais de novos filmes nos grandes festivais. A COVID-19 fez questão de pôr fim ao “sempre”. Dada a atual situação pandémica, o festival de cinema de Telluride, planeado para setembro, foi cancelado, como Cannes também fora em maio. Os restantes festivais maiores – Veneza, Toronto e Nova Iorque – apostaram em formatos híbridos, conciliando sessões presenciais (projeções em sala e em cinemas drive-in) e sessões digitais (em streaming).

Em Veneza, que este ano decorreu de 2 a 12 de setembro, vimos estreados e premiados filmes de todos os cantos do mundo, inclusive um título português. Dêmos então uma vista de olhos nos filmes mais marcantes desta edição atípica.

1. “Listen”, de Ana Rocha de Sousa

Começamos pelo filme português “Listen”. Ana Rocha de Sousa, nesta que é a sua primeira longa-metragem como realizadora, conta-nos a história de uma família portuguesa emigrada em Londres, a quem os serviços sociais retiram a guarda dos filhos menores. O filme foi premiado com o Prémio Especial do Júri, o Leão do Futuro (para melhor primeira obra), o Bisato d’Oro (para melhor realização), e o Sorriso Diverso Venezia (pelas questões sociais abordadas).

Estreia em Portugal: 22 de outubro de 2020.

2. “Nomadland”, de Chloé Zhao

Produzido, realizado, escrito e montado por Chloé Zhao, “Nomadland” é para já o filme do ano. A cineasta, mais conhecida pelo western “The Rider” (2017), leva-nos agora numa viagem de autocaravana pelo centro-oeste dos E.U.A.. Frances McDormand – aclamada atriz de “Fargo” (1996), “Olive Kitteridge” (2014), “Three Billboards…” (2017) – interpreta a nómada titular. O filme recebeu o Telluride Silver Medallion (uma espécie de “prémio de melhor filme”) e arrecadou o galardão máximo do Festival de Veneza, o Leão de Ouro. O que se segue? O Óscar.

Estreia em Portugal: 18 de março de 2021.

3. “The Disciple”, de Chaitanya Tamhane

O melhor filme de língua não-inglesa do Festival de Veneza vem da Índia. “The Disciples”, escrito e realizado pelo jovem cineasta Chaitanya Tamhane, acompanha ao longo de três décadas o trajeto de um estudante de música clássica indiana. A forma como Tamhane explora a relação mestre-artista e retrata um artista em dificuldades valeu-lhe o prémio de Melhor Argumento e o prémio FIPRESCI International Critics Prize.

Exibição em Portugal: 16 e 19 de novembro de 2020 (Lisbon & Sintra Film Festival).

4. “Pieces of a Woman”, de Kornél Mundruczó

“Pieces of a Woman” conta a história de um casal norte-americano, interpretado por Vanessa Kirby (a Princesa Margaret nas duas primeiras temporadas de “The Crown”) e Shia LaBeouf (actor dos franchises Transformers e Indiana Jones). Kirby foi honrada com a Volpi Cup para Melhor Atriz e é neste momento a favorita ao Óscar de Melhor Atriz.

Filme adquirido pela Netflix. Estreia em streaming: 7 de janeiro de 2021.

5. “The World to Come”, de Mona Fastvold

A presença de Vanessa Kirby no Festival de Veneza não se limita a um título só. “The World to Come” é um filme de época protagonizado por Katherine Waterston (“Inherent Vice”, 2014), no papel de uma camponesa que desenvolve uma relação próxima com a sua nova vizinha, interpretada por Kirby. Os desempenhos de ambas as atrizes têm sido muito aplaudidos pela indústria.

Exibição em Portugal: 14, 18 e 24 de novembro de 2020 (Lisbon & Sintra Film Festival).

6. “One Night in Miami”, de Regina King

Tal como “Nomadland”, outro filme que provavelmente veremos na corrida ao Óscar de Melhor Filme é “One Night in Miami”. A trama: Malcolm X, Muhammad Ali, Jim Brown e Sam Cooke entram num bar. O filme, que como o título indica relata uma noite em Miami em 1964, tece paralelos entre a década de 60 e a atualidade, debatendo desde política a boxing, de racismo a religião. A atriz Regina King tem aqui o seu primeiro projeto como realizadora.

Filme adquirido pela Amazon Prime Video. Estreia em streaming: 15 de janeiro de 2021.

É também curioso notar – e celebrar – que, de entre os 6 filmes abordados nesta lista, 4 são realizados por mulheres.

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