Portugal continua a ser um dos mercados “onde menos se paga” por notícias online

por Lusa,    14 Junho, 2023
Portugal continua a ser um dos mercados “onde menos se paga” por notícias online
Fotografia de freestocks / Unsplash
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Portugal continua a ser “um dos mercados onde menos se paga” por notícias ‘online’, com quase 11% a fazê-lo, contra uma média global de 17%, de acordo com o relatório do Digital News Report 2023 hoje divulgado.

O Reuters Digital News Report 2023 (Reuters DNR 2023) é o 12.º segundo relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 9.º relatório a contar com informação sobre Portugal, em que participam 46 países.

O OberCom – Observatório da Comunicação, enquanto parceiro estratégico, colaborou com o RISJ na conceção do questionário para o mercado português, bem como na análise e interpretação dos dados.

“Portugal continua a surgir como um dos mercados onde menos se paga por notícias ‘online’, sendo que apenas 10,9% dos portugueses dizem ter pagado por notícias em formato digital no ano anterior, face a uma média global de 17%”, lê-se no documento.

Em França, a percentagem daqueles que pagam é 11%, no Japão são 9%, o mesmo que no Reino Unido.

Em sentido inverso, a Noruega e a Suécia “continuam a destacar-se como os mercados onde mais se paga por notícias ‘online’, com proporções de 39% e 33% sobre as respetivas amostras nacionais”, refere o Digital News Report 2023.

Por exemplo, em Espanha a percentagem é 13% e na Itália 12%. Nos EUA é 21%, a mesma percentagem que na Finlândia, enquanto na Austrália é 22%.

“Tal como em anos anteriores, os portugueses que pagam por notícias ‘online’ continuam a preferir a subscrição em formato ‘ongoing’, contínuo, independentemente da periodicidade do pagamento (36,1%)”, refere o relatório. 

Por sua vez, “encontramos, numa proporção igualmente próxima, o pagamento por notícias digitais de forma indireta, através da subscrição de outro serviço que inclui esse acesso a notícias em formato digital (34,7%)”, indica o Digital News Report.

Entre os não pagantes por notícias digitais, mais de um quarto (27,0%) afirma “que pagariam se o preço fosse mais acessível, mas 16,8% indicam que o conteúdo não é atualmente suficientemente relevante para si, enquanto número semelhante (16,5%) afirma que preferiria pagar por um serviço que permitisse aceder a vários ‘sites’ de notícias em simultâneo”.

Na edição deste ano, à semelhança do que foi feito em 2016, “foram aplicadas questões relativas à influência dos algoritmos e da editorialização na descoberta de conteúdos, explorando-se os benefícios de receber conteúdos noticiosos selecionados por editores ou jornalistas, conteúdos sugeridos via algoritmo com base no consumo passado ou com base no consumo dos amigos/conexões nas redes sociais”, refere o relatório.

Assim, 38% dos respondentes “concordam que receber histórias selecionadas para si por editores ou jornalistas é positivo e 35,7 avaliam positivamente a seleção com base no seu consumo passado”.

A proporção de “inquiridos a concordar que a seleção com base no consumo de amigos ou conexões nas redes é substancialmente menor, na ordem dos 24,3%”, mas os mais jovens “tendem a ver mais positivamente os sistemas de seleção com base no consumo de amigos ou conexões”.

Em termos de formatos de notícias, os jovens preferem vídeos no Instagram e TikTok, e os ‘podcasts’ consolidam-se no consumo de media dos portugueses.

“Os portugueses tendem a preferir menos o texto do que os inquiridos do Digital News Report a nível global (50,0% face a 57,0%), e demonstram preferir mais os vídeos noticiosos ‘online’ (34,0% face a 30,0%) e o áudio (16,0% face a 13,0%), seja rádio em direto ou ‘podcasts'”, aponta o estudo.

Para o consumo de vídeos ‘online’, “os mais jovens, entre os 18 e os 24 anos, preferem sobretudo o Instagram (39,2%), o TikTok (33,3%) e o Youtube (30,6%), embora em geral, os portugueses usem mais o Facebook (33,2%), o Youtube (29,2%) e em terceiro lugar os ‘websites’ ou ‘apps’ de marcas de notícias (27,1%)”.

As redes sociais Instagram e o TikTok “surgem num segundo plano, tendo sido usados na semana anterior por 20,7% e por 15,3% dos inquiridos, respetivamente”.

Relativamente aos ‘podcasts’, mais de um terço (38%) dos inquiridos “escutaram algum ‘podcast’ no mês anterior, num quadro global em que 36% dos inquiridos a nível global são consumidores” deste formato. 

“O alcance dos ‘podcasts’ em Portugal é mais prevalente entre os mais jovens – 60,8% dos jovens entre os 18 e os 24 anos escutaram algum ‘podcast’ no mês anterior, face a 38% dos portugueses em geral”, adianta.

O estudo português tem como autores Gustavo Cardoso, Miguel Paisana e Ana Pinto Martinho, investigadores do OberCom e do CIES-ISCTE.

O tamanho total da amostra é de 93.895 adultos, com cerca de 2.000 por mercado.

O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro deste ano e o inquérito foi realizado ‘online’.

Entre os 46 mercados estão EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia e Roménia.

Inclui ainda Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Nigéria, Quénia e África do Sul.

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