Primeira exposição de Tony Conrad em Portugal, um dos maiores nomes do experimentalismo na arte ocidental nos últimos cinquenta anos

por Comunidade Cultura e Arte,    25 Fevereiro, 2022
Primeira exposição de Tony Conrad em Portugal, um dos maiores nomes do experimentalismo na arte ocidental nos últimos cinquenta anos
Tony Conrad / DR
PUB

A primeira exposição de Tony Conrad (1940-2016) em Portugal é uma exposição antológica que reúne alguns dos trabalhos históricos do percurso do artista, que se concretizam em pinturas, instalações, filmes e objetos daquele que é considerado um dos maiores nomes do experimentalismo na arte ocidental dos últimos cinquenta anos.

De 12 de março a 3 de julho, a Culturgest recebe a primeira exposição antológica de Tony Conrad em Portugal, com a curadoria de Balthazar Lovay. A inauguração (com entrada livre) realiza-se a 11 de março, pelas 22:00.

Tony Conrad foi um dos maiores nomes do experimentalismo na arte ocidental nos últimos cinquenta anos. Oscilando entre  música, escrita, produção audiovisual e produção de objetos, o trabalho de Conrad procurou desconstruir, transformar e transpor conceitos como a composição musical, o enquadramento, a edição e os discursos mediáticos. O seu trabalho parte das vanguardas da década de 1960 e tem uma forte influência do contacto com o trabalho do músico John Cage (1912-1991).

Da exposição que inaugura na Culturgest a 11 de março, pode-se esperar uma viagem às etapas mais importantes do trabalho de Tony Conrad. A ligação à música é um dos pontos de partida desta exposição e a fase inicial da obra de Conrad, através da amizade com La Monte Young, Marian Zazeela e John Cale, elementos que viriam a compor a banda The Velvet Underground, banda da qual Tony Conrad é considerado um dos “padrinhos”: o nome da banda ficou a dever-se ao título do livro homónimo de Michael Leigh que John Cale encontrou na casa de Conrad.

As ações políticas realizadas em conjunto com Henry Flynt e Jack Smith, nos finais da década de 1960, desencadearam o emblemático filme The Flicker (1966), que também será apresentado no contexto desta exposição.

“The Flicker utiliza relações harmónicas, velocidades, pulsos e padrões completamente diferentes dos utilizados até agora.”, referiu Tony Conrad sobre o filme numa entrevista, em 1966. Era o início de um pensamento sobre o meio cinematográfico que viria a aprofundar em outras obras como: Straight and Narrow (1970), Four Square (1971), ou mesmo os Yellow Movies (1973).

As criações que estabelecem uma crítica direta aos media, particularmente durante a década de 1980, fazem também parte desta exposição. A destacar os trabalhos desenvolvidos em colaboração com Mike Kelley e Tony Oursler, as instalações de grande escala Panopticon e Studio of the Streets e as ferramentas acústicas — que acompanharam as criações de Conrad desde 1964 até 2012.

A exposição contempla ainda o trabalho do artista a partir de 2010, em que as suas obras refletem ideias associadas ao envelhecimento e isolamento. O trabalho de Conrad veicula críticas às mais diversas formas de autoridade, das mais óbvias e diretas às mais implícitas e, por essa razão, o olhar sob as suas obras não deve descurar os seus contextos de produção.

Tony Conrad esteve em Portugal, em 2009, apresentando um solo para violino, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e em 2014, para uma atuação no festivalMadeira Dig. 

Tony Conrad nasceu em Concord, New Hampshire, em 1950, formou-se em matemática, na Universidade de Harvard em 1962. Trabalhou como programador antes de ir viver para Nova Iorque.

Tocou violino no Theatre Eternal Music — um projeto pioneiro que iniciou com John Cale, La Monte Young, Marian Zazeela, Angus MacLise e outros. Com o fim deste projeto, Conrad cria a peça Four Violins. Mais tardejuntou-se durante pouco tempo aos The Primitives — que viriam a originar os Velvet Underground. Mais tarde, já na década de 1990, aquando das reedições e lançamentos da editora Table of the Elements, de Jeff Hunt, e com o trabalho com músicos da época como Grubbs e Jim O’Rourke, Conrad voltou a ter um foco maior na carreira musical, voltando a realizar concertos ao vivo. 

Aquando a sua morte, em 2016, Andrew Lampert, amigo próximo, curador e arquivista do Anthology Film Archives, em Nova Iorque, sintetiza o trabalho e vida de Conrad: “Ele nasceu com uma programação diferente de muitos de nós, mas também estava hiperconsciente das tendências culturais, estéticas e filosóficas que sustentam todas essas áreas, e vivia num modo de constante rejeição. O seu trabalho às vezes era bem-humorado — muitas vezes austero e em outros momentos pessoal, mas também era uma crítica intelectual da cultura como a conhecemos… Tinha crenças bem fundamentadas de que tanto a música, como a arte ou um filme poderiam ser outra coisa. Ele estava constantemente a investigar essas coisas tanto a nível estrutural como material”.
 Oscilando entre a crítica mais radical e o humor, a obra de Tony Conrad desafia a categorização tradicional das diferentes ramificações da cultura. Uma exposição sobre cinema, música, media, subversão e crítica da autoridade. 

O bilhete para a exposição Tony Conrad tem o custo de 5€ (ver descontos). A exposição pode ser visitada de terça-feira a domingo, entre as 11:00 às 18:00, na galeria da Culturgest, em Lisboa. Na visita a duas exposições os bilhetes têm o custo de 8€. 

Visitas Guiadas:
Visita com o curador Balthazar Lovay
12 MAR, SÁB, 15:00 (em inglês)

Visitas guiadas:
SÁB, 16:00
26 MAR, 30 ABR, 21 MAI, 25 JUN
Marcações e informações:
21 761 90 78

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.