Primeiro aniversário da Troublemaker Records

por Comunidade Cultura e Arte,    27 Junho, 2019
Primeiro aniversário da Troublemaker Records
Troublemaker Records
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Na passada quarta feira, a Troublemaker Records, editora e coletivo DIY de Lisboa, celebrou o seu primeiro aniversário no Musicbox. De carácter independente, este grupo de jovens artistas pretende fortalecer a sua individualidade através da lírica e do ritmo, e trazem aquilo que faltava em Portugal: “um porto seguro (…) para artistas únicos e genuínos que nem sempre tiveram oportunidade de expor o seu own self, seja pela sua orientação sexual ou pelo tom de pele”. Também presente nessa noite esteve loja GOLPE, responsável pelo styling dxs artistas nos concertos e videoclipes.

À uma da manhã começaram os concertos de Killian, NESS e Herlander. O primeiro a atuar, Killian, é um dos percursores da label. Juntamente PHOEBE, Diogo Sanches abriu a noite com a ainda não publicada Come On Beat My Drum e CARE, o mais recente single do seu futuro EP, “Flawed Ego”. A sonoridade R&B preencheu a sala e o público rendou-se. NESS, que já o acompanhava nas segundas vozes, transportou a plateia para outra atmosfera, mais etérea e divinal, com Karma e a inédita Outro. Ambas as músicas integram o EP “MESS”, que será futuramente lançado.

PHOEBE é o autor dos instrumentais dos artistas que, em 2018, foram duas das “20 revelações nacionais” segundo a Threshold Magazine. NESS, alter-ego de Vanessa Costa, é uma das “6 apostas femininas portuguesas para 2019” da Punch Magazine e foi recentemente entrevistada por Filipa Marinho, na Ginga Beat da Red Bull Radio, onde terminou com uma atuação. Herlander encerrou em grande esta primeira fase da festa com uma impetuosa performance de Yandere 101, do seu EP de estreia “199”. O álbum, de pop alternativo, com fortes influências do lo-fi hip-hop, passando pelo indie rock e ainda pela synthwave, está disponível na sua página do bandcamp.

https://www.youtube.com/watch?v=zh3TjDTPcHc

Seguidamente, a crew convidou artistxs da cena queer underground portuguesa para incendiar a pista. Dakoi., dj baseada na Caldas da Rainha, esteve lado a lado com o nortenho Dj Nevoeiro num set sujo que variou do techno – claro, preenchido com samples icónicos da cultura pop e lgbt+ -, ao funk e ao samba. Num alinhamento meticulosamente pensado, Stasya e Eudes (do coletivo Circa A.D.), mantiveram-se na mesma estética, tornando-a mais hardcore. Com os corpos já quentes e suados, Yizhaq toma comando dos decks e não permite que ninguém pare de dançar. Durante este set, Eric performa na frente do Dj Booth, acompanhado pelxs restantes artistxs.

Assiste-se à democratização do clube, são distribuídas bebidas energéticas e o palco é oferecido a quem quiser subir para dançar. O ecletismo das seleções dava cores e novos tons à noite que ia terminando. Odete traz-nos o início do fim. Após o lançamento de “Amarração”, no início deste mês, fruto da relação poliamorosa entre a multifacetada artista, a TBMKR e a Rotten Fresh, presenteou-nos com mais um set fenomenal dentro do universo da eletrónica experimental e da música de dança contemporânea. PHOEBE conseguiu manter a casa em chamas até à hora do fecho. Lisboeta Italiano, Pedro Cadilhe e Nádia Ferreira ficaram encarregues do vjing durante todo o evento.

Chegando ao final da noite, podemos apenas concluir que a promissora label, tanto pelas músicas como pelas festas, demonstra-se merecedora de um espaço, para que artistxs queer e afrodescendentes celebrem a sua existência e, desta forma, protestem contra a supremacia branca, o sexismo, a queerfobia e as regras de género. Até lá, aguardamos ansiosamente por futuras produções.

Texto de Sofia Seixo Garrucho

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