Rei dos Países Baixos pede desculpa pelo passado do país quanto à escravidão

por Lusa,    1 Julho, 2023
Rei dos Países Baixos pede desculpa pelo passado do país quanto à escravidão
Fotografia do Ministério de Defesa dos Países Baixos (via Wikipédia) / DR
PUB

O Rei dos Países Baixos, Willem-Alexander, pediu hoje desculpa e perdão pelo passado do seu país relativamente à escravidão, num discurso histórico recebido com aplausos e gritos, durante um evento para comemorar o aniversário da abolição da escravidão.

O discurso do Rei seguiu-se ao pedido de desculpas por parte do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, no final do ano passado, pela história do país no tráfico de escravos (escravatura) e na escravidão (condição de escravo e sistema económico e social baseado nessa condição). 

Estas tomadas de posição fazem parte de um reconhecimento mais amplo das histórias coloniais no Ocidente e que foram estimuladas nos últimos anos pelo movimento Black Lives Matter.

Num discurso emocionado perante uma multidão de convidados e de curiosos, Willem-Alexander declarou: “Hoje estou diante de vocês. Hoje, como vosso Rei e como membro do Governo peço desculpas e sinto o peso das palavras no meu coração e na minha alma“.

O monarca disse que encomendou um estudo sobre o papel exato da Casa Real de Orange-Nassau na escravidão efetuada pelos Países Baixos.

Mas hoje, neste dia de memória, peço perdão pela clara falta de ação perante esse crime contra a humanidade“, sublinhou.

Segundo a agência Associated Press, a voz de Willem-Alexander mostrou muita emoção ao completar o seu discurso, antes de colocar uma coroa de flores no monumento nacional dedicado à escravidão do país, num parque de Amesterdão.

Questionado sobre o discurso do monarca, o ex-parlamentar John Leerdam disse à rádio dos Países Baixos NOS que sentiu lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto quando o Rei pediu desculpa. 

É um momento histórico e temos de perceber e reconhecer isso“, afirmou.

A escravidão foi abolida no Suriname, nas colónias dos Países Baixos e no Caribe a 01 de julho de 1863, mas a maioria dos trabalhadores escravizados foi forçada a continuar a trabalhar nas plantações por mais 10 anos.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.