Reportagem: Sequin ao vivo no CCB
O pequeno auditório do Centro Cultural de Belém recebeu, no passado dia 11, o primeiro concerto de apresentação do álbum Born Backwards, trabalho do projeto encabeçado por Ana Miró, de nome Sequin. O público – que inicialmente se poderia pensar maioritariamente jovem – enganou, estando presente na plateia público dos 8 aos 80; um bom prenúncio da transversalidade da música deste projeto e, mais concretamente, do novo álbum.
Quinze minutos após a hora prevista e com a sala bastante composta, Ana Miró apresenta-se em palco com Filipe Paes no teclado, Gonçalo Duarte na guitarra e Tiago Martins no baixo. O primeiro verso de “Make Believe” abre o concerto com o grupo engolido por luzes laranjas e quentes, que nos acompanham ao longo de toda a música. Apesar da canção contagiante, o público continua sentado, talvez devido à hipnotizante dança de Ana e dos seus sorrisos inocentes. Depois dos muitos aplausos após a música introdutória, a vocalista pede ao público que se levante e dance ao som da mais mexida “Borderline”. Fielmente, a plateia aceitou e movimentou-se ao longo da sala, ocupando lugares mais próximos do palco, dançando ao som desta nova música.
Ana avisou que estávamos perante um concerto especial, que será cheio de agradecimentos. Começa pela sua “rocha emotiva”, que são os seus amigos. A terceira música, “Milvus”, é dedicada ao pai Jerónimo, que lhe deu o título, segundo nos conta a vocalista. É impossível não nos perdermos de amores com tanta alegria genuína e cheia de querer.
Somos avisados que a próxima conheceríamos melhor, ouvindo-se depois as primeiras notas do single “Queen”, acompanhado pela prestação ao vivo a mimetizar o videoclipe. A música mais política que Ana nos conta alguma vez ter feito, “Loud”, não passou despercebida, com a intérprete a puxar pela voz debaixo de um enorme espetáculo luminoso. Somos depois informados que um dos sonhos de Ana se realizou com este álbum, produzido por Bruno Cardoso, conhecido como Xinobi, que sobe ao palco para acompanhar a banda à guitarra. Uma das músicas mais sensuais do álbum, apresentada a meia luz, inebria a plateia, e é sem dúvida um dos grandes momentos da noite. Após este momento hipnotizante, a dança volta à ribalta com “Loveless” dedicada ao irmão.
Passamos de seguida para “Sam” – dedicada à mãe Luísa – durante a qual existiram alguns problemas técnicos que não permitiram que Ana começasse logo a cantar. O nervosismo era aparente, mas o público apoiou a banda, acompanhando com palmas toda a atuação da canção. Depois de tanto entusiasmo, Ana pede desculpa pela música triste que se segue, “Hentai”, dedicada aos avós paternos e à sua história de amor, durante a qual se movimenta e agacha no palco numa fase mais íntima do concerto.
Depois do interlúdio, retoma-se a festa, e, apesar de “Crazy” ter que ser interrompida a meio, com vários pedidos de desculpa pelos problemas técnicos, Ana pede para o público dançar e agarra a música uma segunda vez, com uma redobrada energia que contagia todos. Foi um momento de humildade que encheu a sala. Tal como Ana avisou, encontram-se muito nervosos. Segue-se “Honey Bun” e, para finalizar, “Naïve”, onde todo o público se levanta, perdoando os erros e o nervosismo. O que se faz com o coração é bem feito.
O concerto finalizou num registo positivo e festivo com “Beijing” e “Flamingo”, nas quais todo o público dançou e agradeceu um concerto que, apesar de ter arestas por limar, contagiou de alegria os presentes e é um ótimo ponto de partida para os que se avizinham. Os próximos espectáculos da tour de apresentação de Born Backwards irão passar pelo Porto (Hard Club) e Coimbra (Salão Brazil) no mês de Maio, respectivamente nos dias 19 e 26, bem como pelo Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz a 15 de Junho.
Fotografias de Anita dos 7 Ofícios | https://anitados7oficios.com