RTP2 exibe documentário “Dead Soul” sobre o “holocausto” asiático na China
“Dead Souls”, ou em português “Almas Mortas”, do realizador chinês Wang Bing, convida-nos a conhecer os sobreviventes do campo de trabalhos forçados no Deserto de Gobi em Gansu, na China. Estes ex-presos foram designados de “ultra-direitistas” na Campanha Anti-Direitista de 1957 do Partido Comunista Chinês.
O filme também está disponível, numa versão mais alargada (de cerca de oito horas), na plataforma Filmin. A RTP2 transmitirá no próximo dia 3 de Dezembro (sexta-feira), pelas 22h50, uma versão mais curta, de certa de quatro horas.
Sinopse do filme disponível na Filmin:
Os restos mortais dos prisioneiros abandonados que há mais de 60 anos decoram o Deserto de Gobi, na remota província Chinesa de Gansu, são fantasmas intranquilos que desejam falar. Designados “ultra-direitistas” na campanha persecutória executada em 1957 pelo regime de Mao Zedong, estas pessoas foram condenadas a morrer em campos de reeducação. Este magnum opus documental mergulha, através de intensas e meticulosas entrevistas, na dolorosa intimidade do trauma dos sobreviventes (cerca de uma dúzia), revelando em primeira mão quem foram as vítimas deste “holocausto” asiático, as adversidades que tiveram de suportar e qual o seu derradeiro destino — o poder supremo que raramente um objecto cinematográfico consegue invocar: levantar os mortos.
Em mais uma prova do seu estatuto de mestre do documentário, Wang Bing emprega um formato espartano — relativizando a inevitável comparação com Shoah, esse sim, dono de um relevo panorâmico aqui impossível — para iluminar uma parte da história Chinesa que corre o risco de ser esquecida pela sua inconveniência política atual. Compilando oito chocantes horas de relatos de sofrimento humano, latente nas ossadas e nas memórias dos que o viveram — ainda hoje escorraçados e miseráveis —, este filme empreende o feito divino de devolver pelo menos parte da humanidade que lhes foi roubada.