Teatro São João celebra 50 anos da Seiva Trupe com Júlio Cardoso em “O Canto do Cisne”, de Tchekhov

por Lusa,    17 Agosto, 2023
Teatro São João celebra 50 anos da Seiva Trupe com Júlio Cardoso em “O Canto do Cisne”, de Tchekhov
Teatro São João / DR
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Encenado por Nuno Cardoso, trata-se de um trabalho que já “tinha sido falado com Jorge Castro Guedes, diretor da Seiva Trupe, mesmo antes do tempo da pandemia de covid-19” e consiste numa maneira de “colaborar com a Seiva Trupe, uma companhia histórica do Porto”, disse o diretor artístico do TNSJ à agência Lusa.

Foi então que surgiu a oportunidade de criarem “um pequeno momento com um dos atores decanos do Porto, que é o Júlio Cardoso”, num espetáculo que assinala a estreia de Nuno Cardoso a trabalhar com o ator e encenador que já leva 64 anos de carreira e que diz estar a dar-lhe imenso prazer.

Escrito em 1887, o texto do dramaturgo russo que gira em torno de um ator de teatro que no espetáculo fica sozinho a recapitular o que foi a sua vida em palco deu o mote para esta parceria TNSJ/Seiva Trupe, levando o teatro nacional a iniciar a temporada fora de portas.

Sem qualquer relação familiar com Júlio Cardoso, embora partilhem o mesmo apelido, o diretor artístico do TNSJ explicou ter escolhido o texto de Tchekhov para ser interpretado por aquele ator histórico da cena teatral do Porto.

“Não há assim a ideia de criar um espetáculo para além do que é a celebração da carreira deste ator que atravessa várias décadas”, acrescentou o encenador, que conheceu Júlio Cardoso quando “era miúdo” e cujo trabalho foi acompanhando.

Está a ser “um prazer imenso vê-lo em palco a fazer coisas”, numa peça com contribuição artística de vários elementos do TNSJ, mas, sobretudo, a de Júlio Cardoso, referiu.

“É um projeto que dá extremo prazer porque basicamente é a forma que eu tenho de homenagear, não diria homenagear, mas estar um bocadinho com o Júlio Cardoso, porque às vezes acho que a memória é curta e não é só no futebol”, concluiu Nuno Cardoso.

“Quem sou eu”, “quem precisa de mim” e “quem gosta de mim” são algumas das questões que o papel representado por Júlio Cardoso tenta responder na peça sobre a dignidade do ser humano e a passagem do tempo, num texto que cruza farsa e tragédia.

Com sete representações sempre às 19:30, a última das quais com tradução em Língua Gestual Portuguesa, “O canto do cisne” tem tradução de António Pescada.

O espaço cénico e os figurinos são do TNSJ, com desenho de luz de José Rodrigues, desenho de som de António Bica e vídeo de Fernando Costa. A assistir na encenação está Sandra Salomé.

Fundada pelos atores António Reis, Estrela Novais e Júlio Cardoso em 11 de setembro de 1973, saídos do Teatro Experimental do Porto, a Seiva Trupe caracterizou-se, “desde o primeiro dia, por não querer ser um projeto de autor, [e] por ali passaram muitos e grandes encenadores como Pere Planella, João Guedes, Ulysses Cruz, Joaquim Benite e outros”, como se pode ler na página da companhia.

A Seiva Trupe estreou-se em palco em dezembro de 1973, no já desaparecido Teatro dos Modestos, com a peça “Musicalim na praça dos brinquedos”, da brasileira Stella Leonardos, com encenação de Júlio Cardoso.

Estabelecida no Teatro do Campo Alegre desde 1975, tornou-se na companhia residente de um edifício “pensado e construído para [a] albergar”, ao abrigo de um protocolo com a Universidade do Porto e a Câmara Municipal, num processo que viria a ter um desfecho polémico em 2013, quando a companhia foi despejada, durante o mandato de Rui Rio.

A companhia foi condecorada pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o Grau de Membro Honorário da Ordem de Mérito, em 2010.

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