Trabalhadores do Diário de Notícias avançam com greve por tempo indeterminado caso se mantenha incumprimento salarial

por Lusa,    20 Janeiro, 2024
Trabalhadores do Diário de Notícias avançam com greve por tempo indeterminado caso se mantenha incumprimento salarial
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Os trabalhadores do Diário de Notícias (DN) exigiram ontem à Global Media Group (GMG) a regularização da situação salarial até 31 de janeiro, decidindo avançar com um pré-aviso de greve por tempo indeterminado “se tal não acontecer”.

Em plenário, a redação do Diário de Notícias decidiu ontem adotar um “plano de luta consistente e de gravidade gradual”, que passa por “utilizar o Diário de Notícias, versão ‘online’ e papel como forma de luta”.

E também “colocar a manchete do ‘site’ a negro durante 24 horas”, de acordo com um comunicado que a agência Lusa teve acesso.

Os jornalistas deste meio exigem à “GMG a regularização da situação salarial até dia 31 de janeiro” e decidiram “avançar com pré-aviso de greve por tempo indeterminado se tal não acontecer”.

Este plano de luta, decidido porque “nenhuma forma de luta ao dispor dos trabalhadores garante o imediato pagamento de salários”, conta “com o apoio da direção” do jornal, pode ler-se no comunicado.

O plenário de ontem contou com a presença do advogado do Sindicato dos Jornalistas e de elementos da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e da Segurança Social que “esclareceram os trabalhadores sobre os mecanismos à disposição para fazer face ao incumprimento da GMG, incluindo a suspensão de contrato”, decisão tomada esta quinta-feira pelos trabalhadores do Jornal de Notícias e do desportivo O Jogo, do mesmo grupo.

Sobre a opção de suspensão de contrato, a redação do DN explicou, no comunicado, que já pode ser exercida pelos trabalhadores, mas, que só seria solução financeira, com o pagamento do subsídio de desemprego para “daqui a um mês e num cenário otimista e de celeridade”.

“Algo que não serve para já, segundo a redação, os interesses dos trabalhadores”, realçaram.

Os trabalhadores do DN manifestaram ainda “total solidariedade com todos os que decidirem avançar para a suspensão imediata de contrato prevista na lei em casos de incumprimento salarial”, lembrando que esta situação se verifica neste jornal “desde o mês de dezembro e com a agravante do não pagamento do subsídio de Natal”.

A redação do DN manifestou ainda repúdio e indignação “com a atitude aviltante de um acionista, World Oportunity Fund (WOF) e do seu representante e presidente da Comissão Executiva, José Paulo Fafe, que assumidamente se recusou a pagar salários por estar em litígio, não com os trabalhadores do grupo, mas sim com outro acionista e com a ERC [Entidade Reguladora da Comunicação]”.

“Desapareceram os argumentos invocando crises de tesouraria ou constrangimentos bancários. Finalmente se percebeu uma coisa: o WOF não paga porque não quer – não porque não pode. A indignidade é do tamanho da falta de respeito sentida”, frisaram.

O World Opportunity Fund, que controla a GMG, transmitiu esta quinta-feira a sua indisponibilidade em transferir dinheiro para pagar os salários em atraso até uma decisão da ERC e de um “alegado procedimento cautelar”, segundo disse em comunicado o presidente executivo (CEO) do GMG, José Paulo Fafe.

Além disso, acrescentou José Paulo Fafe, o fundo também lhe transmitiu a sua “indisponibilidade em efetuar qualquer transferência até que o alegado procedimento cautelar de arresto anunciado publicamente pelo empresário Marco Galinha seja retirado”.

Neste mesmo dia, o administrador executivo do Global Media Group Filipe Nascimento e o administrador Paulo Lima de Carvalho apresentaram a sua demissão.

Os acionistas do GMG Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira anunciaram ontem que vão marcar uma assembleia-geral para “apresentar uma solução” para o grupo, reiterando o “incumprimento” da atual gestão.
Considerando ser da “responsabilidade exclusiva” do World Opportunity Fund (WOF) e da gestão executiva por este indicada, liderada por José Paulo Fafe, a “insustentável situação” que os trabalhadores do GMG e que o próprio grupo atravessa atualmente, aquele grupo de acionistas e administradores afirma o seu veemente “repúdio” e considera “inaceitáveis” as “tentativas de pressão exercidas junto da Entidade Reguladora da Comunicação, tornadas públicas” esta quinta-feira.

Em 21 de setembro, o WOF adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária direta da Global Media, ficando com 25,628% de participação social e dos direitos de voto na Global Media.

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