Uma em cada cinco pessoas passa fome em África, mais do dobro da média global, revela ONU

por Lusa,    12 Julho, 2023
Uma em cada cinco pessoas passa fome em África, mais do dobro da média global, revela ONU
Fotografia de Ninno JackJr / Unsplash
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Uma em cada cinco pessoas passa fome em África — mais do dobro da média global —, sendo a região mais afetada por esse problema no mundo, segundo o mais recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

As conclusões constam na edição de 2023 do relatório “Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, publicado hoje em conjunto por cinco agências especializadas das Nações Unidas, que apontou que a fome aumentou em todas as sub-regiões de África em 2022.

No ano passado, registou-se um aumento de 2,4 milhões de pessoas que passaram a enfrentar insegurança alimentar severa no Norte de África em comparação com 2021, mais 4,8 milhões na África Central, 1,1 milhões a mais na África Austral e 3,6 milhões a mais na África Ocidental.

De acordo com o relatório, os níveis de insegurança alimentar em todas as regiões do mundo ainda estão muito acima dos níveis pré-pandemia de covid-19.

De um total de 2,4 mil milhões de pessoas no mundo que enfrentaram insegurança alimentar em 2022, quase metade (1,1 mil milhões) estava na Ásia — continente mais populoso do mundo —; 37% (868 milhões) estavam em África; 10,5% (248 milhões) na América Latina e na Caraíbas; e cerca de 4% (90 milhões) estavam na América do Norte e na Europa.

O custo de uma dieta saudável foi também analisado neste relatório, que verificou um aumento global de 4,3% em comparação com 2020 e 6,7% em comparação com os níveis pré-pandemia, em 2019. Esse aumento deve-se ao aumento global da inflação em 2020 e 2021, impulsionado em parte pelos efeitos persistentes da pandemia.

Em todo o mundo em 2021, o custo médio de uma dieta saudável foi de 3,66 dólares (3,32 euros) por pessoa por dia.

Em África, na Ásia e na América Latina e Caraíbas, o custo de uma alimentação saudável aumentou mais de 5% de 2020 para 2021, afetando negativamente todas as sub-regiões, exceto o norte de África, onde o custo caiu 2,8%.

Esse aumento teve maior impacto nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.

Mais de 3,1 mil milhões de pessoas no mundo — ou 42% — não podiam pagar por uma alimentação saudável em 2021, representando um aumento de 134 milhões de pessoas em relação a 2019, antes da pandemia.

Enquanto a Ásia teve o maior número de pessoas que não podiam pagar uma dieta saudável (1,9 mil milhões) em 2021, África registou a maior proporção da população incapaz de pagar (78%) em comparação com a Ásia (44%), América Latina e Caraíbas (23%), Oceânia (3%) e América do Norte e Europa (1%).

No continente africano, a população incapaz de pagar uma dieta saudável está concentrada na África Oriental e Ocidental (85%).

Em todo o mundo, a insegurança alimentar afeta desproporcionalmente mulheres e pessoas que vivem em áreas rurais. A insegurança alimentar moderada ou severa afetou 33,3% dos adultos que vivem em áreas rurais em 2022, em comparação com 28,8% nas áreas periurbanas e 26,0% nas áreas urbanas.

De acordo com as cinco agências da ONU que elaboraram o relatório, quase 600 milhões de pessoas ainda passarão fome em 2030.

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