8 livros que podes oferecer no Natal
Qualquer altura do ano é boa para oferecer um livro. Em Dezembro, e a somar a isso, temos o Natal que faz com que as pessoas se sintam mais dispostas a oferecer coisas àqueles com quem se relacionam. O problema é que muitas vezes acontecem enormes processos de indecisão quanto ao que podemos oferecer. Aqui na Comunidade Cultura e Arte decidimos apoiar quem precisa de uma ajudinha e recomendamos 8 livros que podem ser bons presentes – para os outros, mas também para ti próprio.
“Ociosas Reflexões de Um Ocioso”, de Jerome K. Jerome (editado pela Antígona)
Ociosas Reflexões de Um Ocioso (1886) oferecem-nos um conjunto de crónicas indolentes de um dos maiores humoristas da literatura inglesa e autor do famoso livro Três Homens num Barco. Aos 27 anos, Jerome K. Jerome dava à estampa, e dedicava ao seu eterno companheiro das horas de ócio — o cachimbo —, estes catorze textos para procrastinadores ferrenhos, que desmontam com uma simplicidade desarmante paradoxos do quotidiano e convenções edificadas pelo hábito. E é pelo olhar deste ocioso inveterado, ao «fumar o narguilé da satisfação e ao saborear as doces folhas de lótus da indolência», que contemplamos os grandes vícios e as microscópicas virtudes da «turba agitada que avança aos tropeções pela ampla estrada da vida». Em divagações irónicas e lampejos de irreverência, oscilando entre riso e reflexão, este feliz rol de temas abarca a preguiça, a vaidade (essa «verdadeira força motriz da humanidade»), a neura, o estado do tempo e bebés (matéria em que o escritor diz ser mestre, principalmente por «já ter sido um deles»).
“24/7 – O Capitalismo Tardio e os Fins do Sono”, de Jonathan Crary (editado pela Antígona)
Trabalhar e consumir 24 horas por dia, 7 dias por semana, parece ser a palavra de ordem da actualidade. Nesta engrenagem imparável, incompatível com o tempo morto e improdutivo do nosso sono, tornámo-nos sonâmbulos coniventes com a nossa própria exaustão. Em 24/7, Jonathan Crary explora as origens e consequências deste estado de eterna vigília, indo de Guy Debord a Gilles Deleuze, Hannah Arendt ou Sigmund Freud, e traça um panorama vertiginoso da contemporaneidade, em que o sono é a maior afronta ao capitalismo: um empecilho à produtividade, um reduto de humanidade, a única fronteira não conquistada pela lógica da mercadoria. Ensaio polémico e fascinante, conciso mas abrangente (da Revolução Industrial às redes sociais), 24/7 é a redescoberta de um lugar a salvo para a consciência e a construção da comunidade.
“Solaris”, de Stanisław (editado pela Antígona)
Pela primeira vez em tradução directa do polaco, Solaris (1961) é uma das obras de ficção científica mais complexas e filosóficas, e consagraria Stanisław Lem (1926-2006) como um autor de culto. Publicado em Varsóvia, em pleno regime comunista, e adaptado ao cinema por Andrei Tarkovski, em 1972, e Steven Soderbergh, em 2002, é dominado por um imenso e enigmático oceano planetário, capaz de controlar as emoções e as memórias de exploradores à beira da loucura, isolados numa estação espacial. Neste romance psicológico sobre a incomunicabilidade, a angústia face ao insondável e a incapacidade humana de lidar com o desconhecido sem causar destruição, Stanisław Lem leva-nos a um planeta distante para revelar os eternos abismos e buracos negros da alma.
“21 Lições para o Século XXI”, de Yuval Noah Harari (editado pela Elsinore)
Qual o verdadeiro significado dos eventos que hoje testemunhamos e como poderemos lidar com eles à escala individual? Que desafios e escolhas se nos deparam? O que poderemos legar ou ensinar aos nossos filhos? Algumas das questões que procurarei explorar e dar resposta incluem o significado da ascensão de Trump, se Deus estará ou não de regresso ao nosso mundo, se o nacionalismo pode ser a resposta a problemas como o aquecimento global.
O livro está dividido em 5 partes (O Desafio Tecnológico, o Desafio da Política, Desespero e Esperança, Verdade, Resiliência), cada uma delas com questões dedicadas a temas específicos, no total de “21 lições para o século XXI”.
“O meu novo livro debruçar-se-á sobre o estado presente do mundo. Em “Sapiens”, o meu primeiro livro, revisitei o passado do homem, descrevendo o modo como um macaco insignificante se tornou o dono do planeta Terra.
No meu segundo livro, Homo Deus, explorei uma visão a longo prazo do futuro da vida humana, contemplando como poderemos eventualmente tornar-nos deuses, e reflectindo sobre os limites até onde a nossa inteligência e a nossa consciência nos poderão levar. O meu novo livro debruçar-se-á sobre o estado presente do mundo.”, palavras de Yuval Noah Harari.
“Plasticus Maritimus, Uma Espécie Invasora”, de Ana Pêgo, Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho (editado pela Planeta Tangerina)
Quando era pequena, a bióloga Ana Pêgo não brincava no quintal, mas quase sempre na praia. Fazia passeios, observava as poças de maré e coleccionava fósseis. À medida que foi crescendo, apercebeu-se, porém, de que uma nova espécie invasora se tornava cada vez mais comum na areia: o plástico. Para melhor alertar para as suas consequências na vida do planeta, Ana decidiu coleccionar e dar um nome a esta espécie. Chamou-lhe Plasticus maritimus, e desde então nunca mais lhe deu tréguas, iniciando um projeto de sensibilização para um uso mais sensato dos plásticos.
Inspirado neste projecto, este livro contém informação sobre a relação entre o plástico e os oceanos. Inclui também um guia para preparar idas à praia, com o objectivo de coleccionar e analisar exemplares desta espécie. Objetivo: motivar para a mudança. A cada hora que passa, mil toneladas de plástico vão parar aos oceanos. O equivalente a um camião cheio de plástico, por minuto!
“História da Virilidade 1 – A Invenção da Virilidade. Da Antiguidade às Luzes, de Georges Vigarello (editado pela Orfeu Negro)
Um homem não nasce homem, torna-se homem
O que significa hoje ser-se viril? E o que significava há cem ou mil anos? Estará a virilidade em crise nas sociedades contemporâneas? “História da Virilidade”, organizada em 3 volumes, traça a genealogia da identidade masculina e a sua transformação ao longo dos séculos nas sociedades ocidentais. O primeiro volume descreve a formação do ideal viril na Grécia e na Roma Antiga e acompanha as posteriores variações durante a época medieval e a Renascença.
“Atlas das viagens e dos exploradores — As viagens de monges, naturalistas e outros viajantes de todos os tempos e lugares”, de Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho
Há poucos séculos, não conhecíamos os limites do planeta e muitas áreas do mundo continuavam isoladas, sem ligação umas com as outras.
Desconhecíamos não apenas as terras e as espécies que existiam noutras regiões, mas também as outras pessoas e as suas culturas.
Para sabermos o que era o mundo, tivemos de nos fazer ao caminho: de burro, de camelo, de barco ou a pé, saímos de casa rumo ao desconhecido e regressámos com as novidades espantosas de outros lugares.
As viagens de monges, botânicos, comerciantes, marinheiros ou artistas deram contributos importantes para conhecermos melhor o planeta e sabermos da existência uns dos outros. Estes viajantes — de todos os tempos e lugares — são as personagens principais deste livro, onde não faltam mapas e muitas, muitas aventuras.
“Sonho”, de Susa Monteiro (editado pela Pato Lógico)
Quando sonhamos, deslizamos para dentro do que somos; chegamos aonde nunca fomos.
Nos sonhos, todos os lugares e todos os finais são possíveis. Neste, uma sucessão de acontecimentos vai empurrando um homem através da selva, pelo espaço, por entre mar, ilhas e vulcões, até uma estranha casa no deserto cheia de pinturas pré-históricas que ganham vida…