Basquetebolista LeBron James cria associação para promover voto de afro-americanos
LeBron James, que é um dos desportistas mais respeitados do mundo, anunciou, juntamente com outros basquetebolistas, como Trae Young e Jalen Rose ou o jogador de futebol americano Alvin Kamara e ainda o comediante Kevin Hart, que vai criar e financiar uma associação para promover o voto dos afro-americanos nas próximas eleições presidenciais dos EUA, que acontecerão a 3 de Novembro deste ano.
“More Than a Vote” irá encorajar os cidadãos afro-americanos a votarem nas próximas eleições e combater o que possa ser prejudicial à sua capacidade de voto. A organização colaborará também com outros grupos civis que promovem o voto, como a “We All Vote” e a “Fair Fight”, revela o jornal norte-americano New York Times.
“Sentimos que estamos a receber atenção e este é o momento de realmente fazermos a diferença“, afirmou o desportista ao New York Times, onde acrescentou ainda que “Queremos que saiam de casa e que votem, mas também queremos dar um tutorial de como fazer isso. Vamos explicar como votar e o que está a ser feito para impedir que se vote“, sublinhou LeBron James à mesma fonte.
Excerto em jeito de curiosidade sobre as “Poll taxes” que existiam nos EUA. Por exemplo, e um dos últimos casos, o Senado do Estado de Maine votou a revogação do imposto em 1973. Muito tempo depois do relato do jornalista Manuel Rodrigues, em 1955, no livro “América, The Beautiful” (editado pela Tinta da China) e que agora colocamos aqui:
“Em matéria de direitos políticos, o instrumento de descriminarão racial mais empregado nos estados do sul dos EUA é o “imposto de eleitor” ou “poll tax”, que continua a vigorar em muitos pontos, apesar das tentativas que têm sido feitas no Congresso para pôr termo a essa prática, sem dúvida a mais antidemocrática da legislação americana.
O “poll tax” consiste em tornar o exercício do direito de voto dependente do pagamento de uma contribuição especial. O valor desta é normalmente diminuto, mas são múltiplas as formas por que tende a manter as classes mais humildes — e por consequência os negros — afastadas das urnas.
Nalguns estados, o contribuinte não é notificado de que está em falta o pagamento do imposto, de onde resulta que só os elementos politicamente mais activos têm o cuidado de cumprir a tempo essa formalidade legal. Noutros casos, o imposto vai-se acumulando de ano para ano, de forma que um indivíduo de meia-idade que nunca tenha tido a preocupação de o pagar só pode usar o seu direito de voto satisfazendo todas as verbas em atraso, o que representa o desembolso de uma quantia elevada. Finalmente, para grande parte das populações negras do sul, que têm um nível de vida muito baixo, o imposto de eleitor, embora pequeno, representa um encargo dificilmente comportável e que, por não corresponder a uma necessidade primária, muitos se abstêm de pagar. Em qualquer dos casos, o resultado é que nos estados onde existe o poll tax os negros não têm a adequada representação no governo.”