A vida, obra e sucesso de Stephen King

por Lucas Brandão,    19 Abril, 2017
A vida, obra e sucesso de Stephen King
PUB

Stephen King é um dos mais célebres autores do século XX e do ainda curto século XXI. Submergido em narrativas de uma ficção envolvente mas dramática e tenebrosa, o imaginário do escritor destaca-se mesmo por essa toada de terror mais ou menos real que apresenta. Todo ele encontra-se plasmado numa bibilografia numerosa, contando com diversas obras de proa dos géneros literários em que se enquadram, e que contou com variadíssimas adaptações cinematográficas. Desse virtuosismo quase inigualável no binónimo quantidade-qualidade, são vários os galardões que foram atribuídos e recebidos por um autor que viu a sua obra eternizada pelo ecrã, pela página, pela ideia, e pelo estímulo dado ao fantástico dos seus apreciadores.

Os primeiros passos

Stephen Edwin King nasceu a 21 de setembro de 1947 em Portland, no estado norte-americano do Maine. O seu pai, mercante, abandonou a família quando Stephen tinha somente dois anos de idade, deixando a mãe com a exclusiva responsabilidade de si e do seu irmão mais velho David. Os três tornaram-se itinerantes, após a inexplicável ausência do progenitor. Do Maine passaram pelo Wisconsin, Indiana e Connecticut, até regressarem ao estado de onde partiram, ficando na cidade de Durham. Esta foi uma fase durante a qual a mãe se tornou responsável pelo bem-estar dos seus parentes, fase em que o futuro escritor tinha 11 anos. A educação que recebeu foi, de um certo modo, religiosa, sendo influenciada pela doutrina metodista (variante protestante norte-americana), vigorando essa crença na atualidade do âmago do escritor.

Foi na sua infância que se deparou com um dos acontecimentos mais marcantes para a sua vida e obra, vendo um dos seus amigos ser colhido por um comboio, não obstante não se lembrar do sucedido. Apesar de voltar emudecido e chocado desse momento, não o mencionou no seu memorial pessoal e criativo “On Writing“, lançado em 2000, um ano depois de ser vítima de um acidente com uma carrinha. A sua toada ficcional de terror assumiu, como principal fundamento, a descoberta de uma coleção de contos do norte-americano H.P. Lovecraft, que pertencia ao seu pai. Para além disso, a radioestesia – a captação de radiações emitidas por seres vivos – que o seu tio fazia motivou-o a explorar conceitos e práticas menos convencionais na sua obra. Toda essa influência está descrita em “Danse Macabre” (1981), onde também procurou descrever aquilo que havia sido feito até então no género do horror literário, a partir das raízes góticas e dos tempos vitorianos.

Concluindo o ensino secundário, foi desfrutando e devorando os comics da editora Entertaining Comics, e conduzindo aquilo que lia para o que escrevia de forma informal (a antologia “Creepshow”, de 1982, reúne cinco histórias que homenageiam a série “Tales from the Crypt“). Baseando-se também em vários filmes que via, foi escrevendo para jornais, e chegou a vender livros da sua autoria a colegas seus, em especial no formato de fanzines. Foi neste tipo de apresentação cultural que foi desenvolvendo os seus contos, conseguindo publicar e até arrecadar galardões, tais como o Scholastic Art and Writing Award. Como estudos superiores, King licenciou-se em Artes Anglófonas na Universidade de Maine, período no qual continuou a explorar o seu potencial literário, incluindo colaborações em periódicos académicos – “The Maine Campus“, e participações em workshops da área. Para suportar os seus estudos, acabou por ter vários trabalhos, tanto em postos de gasolina como em lavandarias. A biblioteca da faculdade onde estudou tem hoje vários dos ensaios e de trabalhos da autoria de King.

Após se graduar, o autor conseguiu um certificado que lhe permitia dar aulas no ensino secundário, mas, não conseguindo encontrar emprego de forma imediata, prosseguiu na sua escrita. O seu primeiro conto formal foi “The Glass Floor” (1967) a uma revista de histórias de mistério, fazendo-o de forma sistemática com outros textos da sua criação. Vários desses trabalhos seriam compilados no final dos anos 70, em “Night Shift” (1978). Entretanto, ainda na entrada dos anos 70, o norte-americano casou-se com uma estudante com quem se cruzou num dos workshops que frequentou, de seu nome Tabitha Spruce. Esta, que se tornaria, também, numa autora de sucesso e interventiva em várias campanhas de ativismo, esteve ao lado de Stephen quando este foi contratado para lecionar na Hampden Academy, ainda no estado do Maine. Isso não seria impeditivo, porém, para que deixasse de redigir, começando a formular e a cimentar algumas ideias para futuros romances, embora o álcool se começasse a expressar como um problema para a sua prossecução profissional. O americano chegaria ao ponto de, no funeral da sua progenitora, discursar alcoolizado.

“A short story is a different thing altogether – a short story is like a quick kiss in the dark from a stranger.”

A consolidação de um dos nomes importantes da literatura norte-americana e da ficção

A sua primeira obra consolidada foi “Carrie“, lançada em 1973. Esta conta a história de uma rapariga que, após subitamente adquirir poderes místicos e psíquicos, responde aos colegas de escola que a atormentam e a ridicularizam. No entanto, a desproporção do uso das suas valências acaba por gerar um cataclismo nacional. Este trabalho tornou-se um dos mais célebres da sua carreira, mostrando os predicados tenebrosos e perniciosos que as suas personagens e as narrativas assumem. A sua esposa teve um papel fundamental naquilo que foi o processo de continuidade e acabamento do projeto, incentivando-o a terminá-lo. As receitas que obteve permitiram-no ser autónomo financeiramente, e levaram-no a mudar-se para o sul de Maine, onde vivia a então adoentada mãe do escritor, que acabaria por não resistir a um cancro no útero. Nessa fase, escreveu também “Salem’s Lot” (1975), que descreve a realidade de um homem que, de regresso à cidade de Jerusalem’s Lot, depara-se com todos os seus cidadãos como vampiros. Esta cidade já havia sido apresentada e trabalhada em vários contos de pequena extensão no início da carreira do autor, juntando-se ao célebre trio de cidades criado por King, sendo elas a atrás mencionada, Castle Rock (“The Dead Zone“, de 1979; e “Doctor Sleep“, de 2013) e Derry (“11/22/1963“, de 2011).

“Monsters are real, and ghosts are real too. They live inside us, and sometimes, they win.”

Daí, a família, composta já por dois filhos, passou a viver no Colorado, estado onde o pai destes escreveu “The Shining” (1977), obra célebre pela sua adaptação cinematográfica da parte de Stanley Kubrick. O livro seria o primeiro grande best-seller de King, apresentando um escritor que fica encarregado de supervisionar o The Stanley Hotel durante o inverno, e que acaba por ser, tal e qual como o seu filho, atormentado pelos fantasmas desse espaço. Por sua vez, este, de seu nome Danny Torrance, era o único capaz de ver, com clarividência, aquilo que eram as memórias nefastas do hotel, enquanto o pai, Jack, era possuído pelos seus protagonistas. “Doctor Sleep”, lançado em 2013, viria a prolongar a história desta mítica obra. Continuando a sua itinerância, a família King voltou para o Maine, estado do qual nunca se viriam a desvincular por completo, não obstante uma viagem a Inglaterra, com o autor até a lecionar na universidade de lá escrita criativa. Aos quatro juntou-se um terceiro filho, e um novo livro, desta feita “The Stand” (1978). Num cenário pós-apocalíptico, expõe a destruição em massa da população humana e das estruturas sociais, após um surto de gripe modificada por razões de contaminação biológica. Esta foi adaptada para o pequeno ecrã, onde se tornou uma série televisiva de grande êxito. Ao som de “(Don’t Fear) the Reaper“, dos Blue Öyster Cult, o autor assumiu a responsabilidade pelo desenrolar da história nos vários episódios.

Stephen King também se dedicou às séries literárias, destacando-se por uma que deu origem a oito livros interligados por um contexto de base. “The Dark Tower” bebeu muito daquilo que era o cinema do faroeste, e apresentou, num misto desse mundo com o mundo da trilogia do “Lord of the Rings” e do “Silmarillion“, da autoria de J.R.R. Tolkien, uma demanda num universo alternativo no seio do “multiverso” do autor norte-americano. O protagonista é Roland Deschain (conhecido também por “The Gunslinger”, homónimo ao primeiro fascículo da saga, lançado em 1981), e aquele que ele persegue é o “Man in Black” e a torre negra, que vive no limbo do físico e do metafísico. As oito partes constituintes desta saga foram escritas durante quatro décadas, e perduram como proeminentes no legado literário e ficcional do seu país. Seguiram-se “The Drawing of the Three” (1987), “The Waste Lands” (1991), “Wizard and Glass” (1997), “Wolves of the Calla” (2003), “Song of Susannah“, “The Dark Tower” (ambos em 2004), e um intermediário entre a quarta e a quinta partes, sendo ele “The Wind Through the Keyhole” (2012). Uma pequena história introdutória juntou-se a este numeroso leque, de seu título “The Little Sisters of Eluria“, e publicado em 1998. Para este ano, está reservado o primeiro filme desse universo, da realização do dinamarquês Nikolaj Arcel.

“I do not aim with my hand; he who aims with his hand has forgotten the face of his father.
I aim with my eye.

I do not shoot with my hand; he who shoots with his hand has forgotten the face of his father.
I shoot with my mind.

I do not kill with my gun; he who kills with his gun has forgotten the face of his father.
I kill with my heart.”

in “The Gunslinger” (1981)

Intervalando o sucesso deste universo, o autor lançou “Firestarter” (1980) e “Christine” (1983), vendendo quase 400 mil cópias com ambos. No primeiro, uma bebé herda os genes modificados do pai, e é capaz de atear fogo a tudo o que quer. No entanto, a sua inconsciência ainda prevalente acaba por causar mais problemas do que o imaginado. No segundo, o protagonista é um veículo, que é possuído por forças sobrenaturais, e que vai despoletando vários incidentes graves nas redondezas. Mais à frente, escreveu “Misery” (1987, em que um autor é salvo mas intimidado e coagido por uma fã a mudar o destino de uma das personagens da sua criação), e “The Green Mile” (1996), no qual um cárcere condenado à cadeira elétrica possui poderes sobrenaturais e, secundado pelo seu rato Mr. Jingles, acaba por comover os oficiais da prisão.

De estatuto já bem consagrado, tornou-se convidado para escrever o género que tanto admirava em criança, sendo este os comics. No mundo do X-Men, redigiu, no ano de 1985, algumas páginas de “Heroes for Hope Starring the X-Men“, ao lado de nomes, como Stan Lee, Alan Moore ou Ed Martin. A obra possibilitou gerar lucros suficientes para serem doados a causas ligadas à fome em África. Ainda nos superheróis, redigiu a introdução do número 400 de Batman, onde exprimiu a sua preferência em revelação ao Superman. Em 2005, assinou um contrato com a Marvel Comics, no qual apresentou a juventude do protagonista da saga “The Dark Tower” num conjunto de sete livros; e, de seguida, aproveitou para, em conjunto com membros da editora, adaptar “The Serial” a este estilo.

Para além do que escreveu a partir da sua identidade, o norte-americano criou um pseudónimo a partir do qual formulou uma personalidade e uma linha editorial própria, dando-lhe o nome de Richard Bachman. Vários curtos romances foram lançados, entre eles “Rage” (1977, sobre um tiroteio numa escola), “The Long Walk” (1979, num caso hipotético de vitória da Alemanha na Segunda Guerra), “Roadwork” (1981, em que um homem do centro norte-americano vê a sua vida desmoronar-se), “The Running Man” (1982, que torna um jogo de perseguição e neutralização por todo o mundo realidade), e “Thinner” (1984, sobre um advogado amaldiçoado por um cigano). A intenção da criação desta figura passou por tentar replicar o seu sucesso, e desmistificar o teor da popularidade, encarando-a como um potencial acaso na sua carreira. No fundo, temas que não eram virgens no contexto da carreira de Stephen King, mas cuja relação entre ambos só foi descortinada algum tempo depois da sua notoriedade. Depois da revelação, ainda chegariam ao público “The Regulators” (1996, que interconecta dois universos paralelos), e “Blaze” (2007, centrando-se num sequestro de um bebé de uma família abastada). Para além deste, conferiu uma personalidade criativa a John Swithen, uma personagem do romance “Carrie”, para o pequeno conto “The Fifth Quarter“.

“In many cases when a reader puts a story aside because it ‘got boring,’ the boredom arose because the writer grew enchanted with his powers of description and lost sight of his priority, which is to keep the ball rolling.”

Os anos mais recentes

O século XXI entrou com uma mão cheia de oportunidades para a desenvolvida afirmação de Stephen King, tendo ele publicado “The Plant” (2000) no meio digital, num agrupamento de cartas e epístolas que já havia sido lançado nos anos 80, embora nunca terminado. A sua estreia em pleno nesta dimensão decorreu, porém, com “Riding the Bullet“, publicado no mesmo ano, que viaja com um estudante universitário numa jornada assustadora e recheada de suspense a partir de uma personagem no limite indecifrável entre a vida e a morte. A esta, seguiu-se “Cell” (2006), no qual os utilizadores de telemóveis se tornam assassinos sem consciência e mente. King, na introdução deste, apontou que, apesar de usar a atmosfera online, não usava telemóveis. 2008 trouxe “Duma Key“, sobre um homem que, após um grave acidente, mora de residência e descobre, na pintura, o seu meio de expressão e de descompressão; e a coleção de contos “Just After Sunset“, que inclui o misterioso “N.“.

O novo milénio continuou bastante profícuo para King, que redigiu “Ur“, que rebusca literatura de dimensões paralelas; e “Throttle“, este em co-autoria com o seu filho Joe Hill – com quem viria a escrever também “In the Tall Grass” – para além de um audiobook de título “Road Rage“. Tudo isto em 2009, para além de uma renovação de um trabalho por finalizar nos anos 70 e 80, e que se firmou como “Under the Dome“, o maior em dimensão desde “It” (sobre o terror que sete crianças vivem a partir das suas fobias, a partir de alguém que as instila), de 1986. Aí, a narrativa desperta a possibilidade de uma barreira cair e isolar uma cidade do resto do mundo. A atual década trouxe as coleções “Full Dark, No Stars” e “Bazaar of Bad Dreams“, “Blockade Billy” (sobre um jogador de beisebol que, mal alcança popularidade, se revela uma fraude), a série de comicsAmerican Vampire“, “11/22/63” (uma viagem na máquina do tempo que tenta impedir a morte do presidente John F. Kennedy), e a trilogia constituída por “Mr. Mercedes“, “Finders Keepers” e “End of Watch” (interligando-se a partir do detetive que investiga os descabidos casos de cada narrativa). Além destes trabalhos, assina, desde 2003, uma rubrica, de seu título “The Pop of King“, no meio de comunicação “Entertainment Weekly“.

De forma colaborativa, redigiu dois livros com Peter Straub, sendo eles “The Talisman” (1984, onde um detetive reformado tenta descobrir o fundamento de vários assassinatos consecutivos), e “Black House” (2001, que se cruza com a saga “The Dark Tower”, assim como “Insomnia“, de 1994, e a coleção “Heart in Atlantis“, de 1999). Com Stewart O’Nan, redigiu “Faithful” (2004), sobre a época da equipa de basebol Boston Red Sox. O próximo livro da sua autoria a conhecer as estantes será precisamente um co-criado, desta feita com Richard Chizmar, de título “Gwendy’s Button Box“, que se sucede precisamente numa das cidades do imaginário de King, sendo ela Castle Rock. De seguida, mais um em colaboração, desta vez com o filho Owen, virá a ser lançado, com a narrativa a passar-se numa prisão de mulheres, e com o título “Sleeping Beauties“.

Em outros caminhos artísticos

O autor norte-americano fez sentir a sua influência na música, onde, como declarado fã dos Ramones, ajudou a redigir algumas notas do álbum de tributo destes “We’re a Happy Family” (2003). O seu apreço verificou-se, também, nas suas obras, onde a aludiu em diversas ocasiões, em especial nos trabalhos autobiográficos (“Danse Macabre” e “On Writing”), e em obras ficcionadas através de versos de algumas músicas. Essas menções foram recíprocas, pois, em 1981, na música “It’s Not My Place (In the 9 to 5 World)“, o próprio autor é nomeado. Como fã de rock, também colaborou com os AC/DC, e enumera Judas Priest, Anthrax e Metallica como algumas das bandas ao som das quais gosta de escrever. Por outro lado, o grupo Blue Öyster Cult incluiu, na sua música “Astronomy“, uma introdução recitada por King.

Em musicais, trabalhou com o cantor Michael Jackson, ajudando-o a criar “Ghosts“, vídeo de 1996, e com John Mellencamp em “Ghost Brothers of Darkland County” (2012); narrou o álbum “Black Ribbons“, dos Hierophant; e já tocou guitarra com a banda Rock Bottom Remainders, composta maioritariamente por autores, tais como Ridley Pearson, Matt Groening ou Sam Barry. Já no que concerne às artes visuais, criou, em conjunto com a designer Barbara Kruger, “My Pretty Pony“, em 1988, numa publicação limitada.

Estilo literário e influências

Com um método bem definido, o norte-americano estabelece um número de palavras por dia a escrever, assim como um certo número de horas (entre 4 a 6 diárias). Porém, a sua escrita tornou-se bastante condicionada após o atropelamento do qual saiu vitimado em 1999. Foram várias e profundas as repercussões físicas das quais se ressentiu daí em diante, tornando os seus movimentos mais lentos e reduzindo a sua resistência para as atividades diárias, condicionando até o seu conforto sentado. Este episódio acabou por motivar a redação de “Lisey’s Story” (2006), no qual uma viúva de um escritor morto num acidente desmistifica o passado deste, sendo uma simulação daquilo que seria o putativo pós-morte de King. Apesar da fatalidade, não se deixou prender pelo seu corpo, e redigiu o rascunho de “Dreamcatcher” (que se passa em Derry) com um caderno e uma caneta, mesmo sob a influência de um fármaco.

Aquilo que o leva a escrever reside numa paixão desde infância, que se foi manifestando desde que lia os comics e os vários contos fantasmagóricos e fantásticos com os quais conviveu. O seu processo criativo tem um forte ênfase no levantamento de hipóteses que, por mais descabidas que possam parecer, se vão desdobrando em narrativas interessantes, sensitivas e envolventes. Outra componente peculiar da sua literatura é o emprego de protagonistas que são escritores de ofício, para além de incluir livros fictícios no adorno e complemento das histórias proporcionadas. Registos fantásticos e aterrorizadores prevalecem num imaginário que tem o condão de, numa simetria quantitativa, traduzir as caraterísticas de cada enredo em diferenças qualitativamente marcantes. São muito vários os recintos nos quais as obras se passam, e são proporcionais as adaptações cinematográficas, que anuem no reconhecimento da sua fervorosa e venturosa literatura.

“If you don’t have time to read, you don’t have the time (or the tools) to write. Simple as that.”

Quanto às suas influências, o autor destaca os vultos de Richard Matheson, nome proeminente da ficção científica (neste género, destaca-se também um dos seus pioneiros, de seu nome Robert A. Heinleim), o de Ray Bradbury, escritor versátil e virtuoso no fantástico, que assumiu a autoria de distopias e de contos especulativos. King realça, também, H.P. Lovecraft, do qual importa várias figuras para várias dos seus contos curtos. Deste nome, Stephen destaca a capacidade de criar realidades exemplarmente terríveis, homenageando-as e reverenciando-as, não obstante ser crítico da vertente de diálogo da sua literatura. A influenciar “Salem’s Lot”, notabiliza-se Bram Stoker, criador de “Dracula“, obra que é redimensionada à escala da realidade apresentada pelo norte-americano. Para além destes, outras três inspirações são Joseph Payne Brennan, perito em literatura de horror, Shirley Jackson, cuja literatura se carateriza por ser sinistra, John D. MacDonald, especialista em criminais e thrillers, e o novelista Don Robertson. Como suas obras preferidas, entre outras, destacam-se “Nineteen Eighty-Four” (1949), de George Orwell; “Adventures of Huckleberry Finn” (1884), de Mark Twain; “The Satanic Verses” (1988), de Salman Rushdie ; e “Blood Meridian” (1985), de Cormic McCarthy.

Stephen King é um dos autores mais marcantes e intrigantes dos dois mais recentes séculos, integrando uma literatura audaz na fantasia que aterroriza e assombra os seus leitores. Num “multiverso” decididamente envolto em mistério e em suspense, é farta e volumosa a sua amplitude literária, tornando-se rapidamente conotado como um dos autores com mais adaptações para a sétima arte. Um expoente da ficção, que, ao mesmo tempo que vai despoletando sensações de mistério e de temor, também apresenta o fascínio como um dos traços identitários daquilo que a sua obra desencadeia. Com tanto por dizer, King representa em pleno a falta de limites que o imaginário humano possui, desmedindo-se numa série de obras de relevo, e revelando o esplendor do fantástico assustador.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados

por ,    22 Abril, 2023

No maravilhoso mês de março, mês da mulher, o Prosa no Ar não podia deixar passar a oportunidade de ler […]

Ler Mais