Em concerto com Sarah Neufeld
A compositora e violinista Sarah Neufeld, prestigiada também por fazer parte da conspícua banda Arcade Fire, apresentou esta semana no Musicbox o seu último álbum, “The Ridge”.
Vinda do Canadá – mais especificamente de Montreal -, Sarah Neufeld trouxe-nos, sem dúvida, um concerto peculiar. Cheio de dualismos entre o neo-clássico e o minimal, ritmos velozes, melodias viciantes e vocalizações siderais, estes elementos deixaram o espectador num estado de concentração pura.
Esta especial harmonia e ligação próxima ao público torna o ambiente recôndito e familiar, também próprio de um público com boa sensibilidade auditiva. Sarah Neufeld regressa a este álbum com algum experimentalismo contemporâneo e com a presença marcada de algumas das suas influências musicais, como a violinista Iva Bitova, o violoncelista Arthur Russell, as belas composições de Bela Bartok, ou mesmo o trabalho minimal de Steve Reich.
Neufeld também marcou a noite pela sua multiplicidade rítmica e pelas texturas apuradas que ficam num ouvido frágil mas emotivo. A postura corporal de Neufeld mostrou destreza, agilidade e vivacidade, como se o violino fizesse parte da sua anatomia, uma espécie de prolongamento dos seus braços, dos seus músculos, das suas mãos e da sua mente.
O violino marcou um ritmo dominante que foi acompanhado pelas batidas da bateria débil. Suavemente se notou uma sincronização dual dos sons dos dois instrumentos, sons vindos de uma só mente criativa. Sarah Neufeld sempre se mostrou criativa e dona de uma grande imaginação que se traduziu nas belas composições ouvidas no concerto dado em Lisboa. A cidade lisboeta é uma das preferidas da violinista e, apesar do concerto ter começado com uma corda partida, rapidamente tudo se tornou numa bela e agradável surpresa, que nos ficou no ouvido e na simpatia da sua existência.