“Caim” de José Saramago sobe ao palco no Teatro Independente de Oeiras
O Teatro Independente de Oeiras (TIO) dá-nos boas razões para nos encantarmos e inspirarmos com a arte do teatro em 2023. “Caim” de José Saramago promete marcar o primeiro trimestre do ano.
No rescaldo das comemorações do 100.º aniversário do conceituado escritor português, o Teatro Independente de Oeiras (TIO) evoca José Saramago com a adaptação teatral da obra literária “Caim”, onde o autor do Prémio Camões (1995) e do Prémio Nobel da Literatura (1998) narra com ironia e sarcasmo uma versão crítica dos episódios do Antigo Testamento. É a 82.a produção do TIO e conta com um elenco composto pelo ator, encenador, cenógrafo e produtor executivo Carlos d’ Almeida Ribeiro e os atores Jaime Soares, André Nunes e Mafalda Teixeira. A adaptação da obra literária para o teatro é da autoria de Artur Ribeiro, a composição e produção musical de Miguel Amorim.
“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.”
José Saramago, “Caim”
José Saramago [1922-2010], o único escritor de língua portuguesa galardoado com um Nobel da Literatura, foi um forte crítico do capitalismo e da religião. “CAIM” data de 2009 e é o último romance do autor publicado em vida. Sinopse: filho primogénito de Adão e Eva segundo o Antigo Testamento da Bíblia, Caim assassinou o seu irmão mais novo, Abel, num ato de inveja, após se sentir preterido por Deus. Pelo fratricídio, o primeiro homicídio na história da humanidade, é condenado por Deus a andar errante e perdido pelo mundo, eternamente. Cruzando-se com personagens conhecidas da Bíblia, de Abraão a Job e Noé, Caim vive em constante confronto ideológico com Deus, vivenciando experiências que o levam a questionar os seus desígnios.
“Caim é uma obra épica de humor corrosivo e reflexão irónica, mas pertinente sobre as histórias que nos contam desde tempos imemoriais e que muitos raramente questionamos”, sublinha Artur Ribeiro. O autor da adaptação da obra para o teatro partilha “o fascínio pela religião que quer queiramos quer não está profundamente enraizada na nossa cultura, na nossa psique, e que Saramago tanto expressou na sua obra literária.” (…) Quando o Teatro Independente de Oeiras me desafiou para adaptar um livro de José Saramago hesitei perante a responsabilidade de mexer em textos, digamos, «sagrados» para a literatura portuguesa. Mas em seguida, ponderei que a obra em questão, Caim, era por sua vez uma adaptação de outros textos sagrados, neste caso sem aspas, da Bíblia. (…) Rapidamente percebi que a melhor adaptação para teatro que poderia fazer do texto de Saramago era ser inspirado por aquilo que o realizador Sam Peckinpah respondeu ao escritor Ray Bradbury quando este lhe perguntou como se propunha adaptar o seu livro para cinema: «Vou rasgar as páginas do livro e enfiá-las dentro da câmara».”, acrescenta ainda.
Segundo o encenador e produtor executivo Carlos d’ Almeida Ribeiro, “este espetáculo pretende transmitir, de forma atrativa, didática e num enquadramento cénico original e dinâmico, a beleza e importância da obra literária de José Saramago, contribuindo para uma aproximação ao autor e simultaneamente para o despertar de um espírito crítico mais consciente, tolerante e coerente com as boas práticas de cidadania e do respeito e direito à diferença de pensamento e escolhas.”, sublinha.
O projeto reforça a estratégia do Teatro Independente de Oeiras (TIO), de produção e valorização de clássicos e autores com obras de relevo e interesse cultural, privilegiando uma abordagem inovadora. “Pretende-se contribuir para a valorização da literatura portuguesa e dos seus autores, promovendo a internacionalização das artes e da cultura nacional (…), com divulgação no continente e ilhas, permitindo a acessibilidade e fruição de um produto de vanguarda artística e relevância cultural, fazendo prevalecer a função do teatro na transmissão de valores, ideias e mensagens”, destaca Carlos d’ Almeida Ribeiro. “(…)Queremos formar apreciadores e consumidores de arte, consciências críticas, indivíduos culturalmente evoluídos, qualificar públicos e artistas, através da fruição de produtos de valor acrescentado como é o caso desta obra de José Saramago.”
Bilhetes: entre 10€ a 16€ Bilhetes Caim – Ticketline (sapo.pt) e locais habituais M/16
20 de janeiro a 18 de março de 2023, 6af e sábados às 21:30 horas, duração de 100 minutos Informações: bilheteira@teatrodeoeiras.com e 21 440 68 78