Entrevista. Marina dos Santos: “No Brasil, 1% dos proprietários têm 46% das terras agrícolas”

por Fumaça,    26 Julho, 2022
Entrevista. Marina dos Santos: “No Brasil, 1% dos proprietários têm 46% das terras agrícolas”
Marina dos Santos / DR
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Em 1989, Marina dos Santos foi visitar um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra com o padre e as irmãs franciscanas do convento do qual fazia parte no interior do Paraná, estado do Sul do Brasil. À época, o MST contava com cinco anos de existência, um a mais do que a jovem democracia brasileira. 

“Teve a missa, com muita gente dali, com a vida daquele acampamento para dentro da celebração, o que demonstra também esse compromisso que a Igreja tinha também com as necessidades dos trabalhadores do campo, em especial naquele período. Tudo o que era da vida do acampamento, os instrumentos de trabalho, vinham para a missa como oferendas. Aquilo tudo foi muito bonito. Eu me senti em casa. Na hora de ir embora, eu falei: ‘Frei, não vou voltar’.”

Foi o início de uma trajetória que se confunde com a do próprio MST, que hoje conta com cerca de 2 milhões de associados, os “sem terra”, segundo dados da própria organização, que tem por finalidade uma reforma agrária popular e ecológica: “O projeto do MST é justamente o projeto antítese do agronegócio, que está super popularizado hoje na Rede Globo.”

Pré-candidata a deputada estadual no Estado do Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores, Marina dos Santos é crítica da tibieza dos governos do PT (que estiveram o poder entre 2003 e 2016) na questão agrária. Mas espera que num eventual terceiro governo Lula as coisas sejam diferentes.

Marina defende que se adote uma nova matriz no desenvolvimento do campo brasileiro, propondo uma reforma agrária que una as demandas sociais do país com os avanços tecnológicos, abandonando o modelo de produção do agronegócio brasileiro.

“Não pode ser uma tecnologia baseada em grandes extensões de terra e produção de commodities para exportação, que só pensa em mais produtividade, com o uso de veneno, agroquímicos e agrotóxicos”, afirma. “Nós precisamos ter um desenvolvimento em que a gente combata esses principais males que ficam para o conjunto da sociedade, das pessoas e da natureza.”

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