Os Toulouse, de Guimarães para o mundo
O som arredondado das guitarras na introdução de ‘Juniper’, o single dos Toulouse, é o melhor dos cartões de apresentação. A banda vimaranense lançou o seu primeiro álbum no final do ano passado, e tem vindo a ver reconhecido o seu trabalho. Um psicadelismo controlado: tem espacialidade, e ao mesmo tempo apresenta-se contido. O álbum, Yuhng, que passa por vários cenários e sonoridades, é conciso e coeso – vale a pena descobrir e ouvir atentamente. Há deslumbre nas malhas e ecos das guitarras. Um som assim não deve passar despercebido ao mundo.
Este fim-de-semana, os Toulouse serão um dos colectivos a marcar presença no PARTY SLEEP REPEAT, festival solidário de S. João da Madeira, que já vai para a sua quinta edição. A Comunidade Cultura e Arte esteve à conversa com a banda. Da origem cronológica e geográfica até aos planos futuros, passando pela descrição das paisagens sonoras e por uma retrospectiva da recém-iniciada carreira.
De onde surgem os Toulouse, e há quanto tempo?
Como banda, nascemos em Guimarães, em 2014. E conhecemo-nos desde aí. No início eramos só três, mas depois apareceu o Nuno, que já nos conhecia a todos, mais ou menos.
Sentem que o vosso som tem evoluído desde que se juntaram?
Sim. Antes estávamos num processo de conhecimento e partilha de interesses, mas com os ensaios e os concertos que começámos a dar fomos crescendo, com a estrada. Hoje sentimos que estamos sintonizados.
Como foi o processo de composição e gravação deste ‘Yuhng’?
O processo de composição foi moroso, porque não tivemos uma fase de composição isolada. Fomos compondo, intercalando com aulas e concertos. A gravação também não foi simples. Foi a nossa primeira experiência num estúdio, e com um produtor… mas gostamos do produto final e estamos com vontade de gravar o próximo.
Parece-me um trabalho muito coeso. As guitarras guiam-nos ao longo dos trinta e pouco minutos, e percebe-se que há uma unidade, e síntese. Como apresentariam o vosso álbum a alguém que nunca o tenha ouvido?
É um álbum juvenil e veranil, idealizado para ser tocado na cisterna do Castelo de Marvão.
Que feedback têm recebido desde o lançamento?
Temos tido uma resposta positiva. Percebemos que chegamos a mais pessoas e que mais gente tem gostado e interagido connosco, tanto nos concertos como nas redes sociais. E isso incentiva-nos a continuar.
Têm corrido o país com a vossa digressão de apresentação do álbum, e até em Espanha já marcaram presença. Que momentos destacam dos últimos meses na estrada?
Foram momentos diferentes. Quando tocamos fora de Guimarães, temos sempre aquele receio de que não apareça muita gente, mas, ultimamente, não é isso que tem acontecido, e conseguimos perceber que temos mais gente interessada que se desloca para nos ver. Por outro lado, quando tocamos em casa, temos outro tipo de pressão Amigos, família… Mas é sempre altamente sermos recebidos como temos sido.
Foi desafiante para vocês encontrarem uma voz e um espaço no mercado musical nacional? Ou aconteceu naturalmente?
No início, tudo aconteceu naturalmente, ao aparecer a editora, os concertos e público. Com o aumentar da responsabilidade, sentimos que tínhamos de nos dedicar e comprometer mais para conseguirmos ter o nosso espaço. O que ainda é complicado, porque conciliamos com aulas e trabalho.
Que bandas sentem que influenciaram a vossa sonoridade, e que mais vos continuam a inspirar a fazer música?
As nossas influências mais declaradas são Beach Fossils, Deerhunter e DIIV.
Sentem que existe uma cena musical a desabrochar em Guimarães, de uma nova geração de bandas? Há uma espécie de sinergia no ambiente cultural da cidade, que foi Capital Europeia da Cultura em 2012?
Sim. Em Guimarães não é inédito, mas é com certeza algo considerável. Não será a única razão, mas o facto de termos sido Capital Europeia em 2012 pode ter ajudado a criar um contexto que agitou as coisas, e agora vê-se bem a diferença de há uns anos atrás.
Quais são os vossos próximos passos? Vamos ter uma Primavera e Verão com muitas datas?
Para já não podemos adiantar quase nada, porque algumas datas ainda estão a ser fechadas. Mas destacamos o concerto no Paredes de Coura, que era um sítio onde queríamos muito chegar.