10 sugestões de leitura para este Verão e em qualquer altura do ano

por Comunidade Cultura e Arte,    8 Julho, 2022
10 sugestões de leitura para este Verão e em qualquer altura do ano
Capas dos livros
PUB

O Verão chegou em força, basta olhar para os termómetros ou sair à rua (ou até em casa). Como acontece todos os anos a Comunidade Cultura e Arte recomenda uns quantos livros capazes de entreter os serões passados tanto ao abrigo do sol torrido, como debaixo da sua massa de ar quente. Relembramos também que as Feiras do Livro do Porto e Lisboa acontecem de 26 de Agosto a 11 de Setembro e de 25 de Agosto a 11 de Setembro, respectivamente.

Ainda sobre os hábitos de leitura dos portugueses, este ano, e através de um estudo publicado e desenvolvido pelo Instituto de Ciências Sociais a pedido da Fundação Calouste Gulbenkian, ficou a saber-se que 61% dos 2000 inquiridos não leu qualquer livro impresso no último ano e apenas 7% revelaram ter lido entre 6 a 20 livros. Não são, de todo, números animadores e esta pode ser uma boa altura para tentar contrariar esta realidade. Aqui ficam as nossas sugestões:

Para Viver em Qualquer Mundo, de André Barata 

Sinopse: Depois de um quase manifesto contra a aceleração e fragmentação de um tempo social em que somos cada vez menos sujeitos soberanos do nosso próprio tempo (E se Parássemos de Sobreviver? Pequeno Livro para Pensar e Agir Contra a Ditadura do Tempo, 2018) e de um diagnóstico preocupado sobre os caminhos de abstracção e fuga do mundo em que a modernidade obstinada nos precipita (O Desligamento do Mundo e a Questão do Humano, 2020) —, este terceiro livro arrisca os termos de uma revolução nos caminhos, e de como os interpretamos, para que seja possível o regresso à boa companhia do mundo. Não um mundo deserto de lugares, ou em que todos se equivalham globalmente, não um mundo de matéria inerte e relações imateriais, mas de relações de sentido que fazem lugares ligando espaço e tempo na materialidade concreta que encontramos, neste ou em qualquer outro mundo.

Diário de um Sem-Abrigo, de Jorge Costa

“O volume apresentado foi escrito por Jorge Costa que, em 2021, a convite da jornalista Catarina Reis, começou a colaborar com o jornal A Mensagem de Lisboa, com a intenção de escrever sobre a experiência de ter sido sem-abrigo e, segundo ele, sem nunca ter deixado de o ser, ainda que depois viesse a casa, o frigorífico e a cama. O seu retrato íntimo após abandonar as ruas — “um sem-abrigo com casa”.”, escreveu Herman J. Ribeiro numa crítica na Comunidade Cultura e Arte.

Capa do livro

Aniquilação, de Michel Houellebecq

Sinopse: Aniquilação projeta diante do leitor um futuro próximo, à luz melancólica do declínio do Ocidente, um dos grandes temas de Michel Houellebecq.

O romance abre com uns bizarros vídeos que se tornaram virais online num deles, o ministro da Economia francês é guilhotinado. Logo a seguir, há uma série de atentados terroristas. Estes acontecimentos lançam o alarme em França, onde decorre uma fervorosa campanha para as eleições presidenciais, na qual reconhecemos vários dos peões do jogo político europeu atual. Qualquer semelhança com pessoas reais é puramente deliberada.

O protagonista, Paul Raison é uma personagem maior que a vida. Alto funcionário ministerial, aproxima se dos cinquenta anos e acomodou se à miséria afetiva e sexual. Prudence a sua mulher, tornou se vegan e adepta do Wicca, um movimento religioso neopagão. O casal vive num apartamento em Paris, onde se cruza cada vez menos.

É a partir deste cenário que Aniquilação entretece dois fios distintos o público e o privado mostrando se simultaneamente como thriller político e reflexão metafísica. Michel Houellebecq distancia se aqui do niilismo de que tantas vezes o acusam.

Capa do livro

Apontar é Feio, de Joana marques

Sinopse: “A humorista mais querida dos portugueses”, disse ninguém nunca sobre ela. Autora de uma rubrica de rádio de referência, que é também o podcast mais ouvido em Portugal, o Extremamente Desagradável, colunista da Visão, guionista do programa Isto é Gozar com Quem Trabalha e a jurada menos habilitada do programa de televisão Ídolos, Joana Marques partilha agora o seu bloco de notas com toda a gente. 

Apontar é Feio trata-se de um caderno com apontamentos que obedece à estratégia que Joana Marques sempre usou para tomar notas na escola: enquanto lá à frente o professor dava a matéria, ela ia escrevendo sobre assuntos irrelevantes. Em dias bons, porque nos outros fazia só um jogo do galo contra ela própria (e às vezes perdia). 

Nestas páginas, reflecte sobre temas tão importantes como compostagem humana, queijo comido às escondidas dos filhos, juízes sem juízo nenhum, sintomatologia do mau perder, neologismos das Spice Girls, festas da espuma, veados em Odivelas, o Ranger do Texas, um divórcio provocado por bananas, pijaminhas de sobremesas, viagens a Bali, lançamento de búzios, alinhamento de chakras ou a importância dos cheeseburgers no sucesso de Cristiano Ronaldo.

Capa do livro

Viver a Minha Vida, de Emma Goldman

Sinopse: Emma Goldman (1869-1940), ícone anarquista, inimiga pública n.º 1 nos EUA, passou à posteridade como infatigável defensora da igualdade e da liberdade de expressão, moldando os debates políticos e sociais do nosso tempo. Viver a Minha Vida (1931) é a sua trepidante autobiografia, um vertiginoso fresco histórico onde se cruzam revolucionários, como Piotr Kropotkine, Jack London, Louise Michel, Voltairine de Cleyre e John Reed, a par de geografias — Viena, Londres, Nova Iorque — e de acontecimentos marcantes como o massacre de Haymarket e a revolta de Cronstadt. É também o percurso de uma mulher corajosa, uma resoluta activista com o dom da palavra que percorreu o mundo e ousou desafiar autoritarismos — pai, mentores, companheiros e Estado —, lutando contra a moral mesquinha em tempos violentos. Emma Goldman soube escolher o seu norte e concebeu o anarquismo não como uma “paixão triste” que exigia uma cega obediência, mas como uma aventura movida pela alegria, na qual “todos os seres humanos nascem com o mesmo direito de participar no banquete da vida”.

Capa do livro

Sexta-Feira É o Novo Sábado, de Pedro Gomes

“Esta obra reúne muito material que pretende contribuir para a discussão sobre o tema, e eventualmente levar ao diálogo sobre a medida; propõe, até, algumas orientações para uma possível implementação da semana. É um livro activista, porque incita à reflexão e posterior acção, e também humanista, porque pretende ser claro, acessível, e conduzir ao progresso humano.”, escreveu Alexandre Pinto numa crítica na Comunidade Cultura e Arte.

Capa do livro

Regresso a Reims, de Didier Eribon

Sinopse: Um ensaio notável que entrelaça escrita autobiográfica com reflexão sociológica. Ao analisar a história da sua família e a vida social e intelectual a partir de 1950, Didier Eribon procura também explicar muitas das questões do nosso tempo, nomeadamente por que motivo grande parte da classe trabalhadora francesa se virou para a Frente Nacional. 

Após a morte do pai, o filósofo francês Didier Eribon regressa à sua terra natal, Reims, e reencontra o ambiente de classe trabalhadora que havia deixado trinta anos antes ao voltar costas ao passado. Aos poucos, vai-se apercebendo de que a rutura com a família não se explica nem pela sua homossexualidade nem pela homofobia do ambiente doméstico, mas pela vergonha que tem da sua origem social. 

Eribon decide então mergulhar no passado e traçar a história da sua família. Evocando o mundo operário da sua infância e reconstituindo a sua ascensão social, o autor mistura, em cada etapa dessa narrativa íntima e comovente, os elementos de uma reflexão sobre classes sociais, o sistema escolar, a criação de identidades, a sexualidade e a diferença de género, a política, a democracia e a mudança de padrões de voto da classe trabalhadora — refletida pela própria família de Eribon, que alterou a sua lealdade do Partido Comunista para o de Le Pen.

Capa do livro

Pessoa – Uma Biografia, de Richard Zenith

Sinopse: Fernando Pessoa é, a par de Luís de Camões, o maior poeta português. E é uma das figuras proeminentes do modernismo europeu, juntamente com escritores como Kafka, Joyce e Proust. O seu vastíssimo legado — da poesia, drama e ficção ao artigo de opinião e escrita mediúnica, cruzando e aprofundando inúmeros domínios do conhecimento (da literatura à religião, passando pela história, a filosofia, a astrologia e tantos outros) — tem vindo a ser progressivamente conhecido pelos leitores portugueses e de todo o mundo. 

Porém, o homem por detrás da extraordinária multiplicidade de vozes (os heterónimos e dezenas de outros autores ficcionais), e de uma das obras literárias mais complexas e ricas de todos os tempos, é quase um desconhecido. João Gaspar Simões, com a publicação da sua biografia em 1950, teve o grande mérito de reconhecer a importância de Fernando Pessoa numa altura em que o poeta ainda não era justamente apreciado. Mas a obra não se baseou numa pesquisa mais aprofundada e desde há muitos anos que se sentia a falta de uma obra biográfica de referência. 

Capa do livro

Ventos do Apocalipse, de Paulina Chiziane

Sinopse: Guerra. Destruição. Miséria. Sofrimento. Humilhação. Ódio. Superstição. Morte. 
Este é o cenário dantesco, boscheano, que encontramos nas páginas de Ventos do Apocalipse. As palavras fortes, cruas, incisivas, dilacerantes e delirantes da autora levam-nos a questionar-nos quanto de ficção existirá no realismo das descrições deste palco apocalíptico em que a guerra mais aberrante será talvez a de dois povos, os mananga e os macuácua, colocados entre dois fogos e não sabendo quem os defende e quem os ataca. 

Paulina Chiziane é uma contadora nata de estórias. Consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do ser humano. Com ela percorremos as vinte e uma noites de pesadelo e tormentos que foi o êxodo dos sobreviventes de uma aldeia. Através dela aprendemos a respeitar Sixpence, tornado o herói simbólico, emblemático, e líder venerado desses fugitivos.

Capa do livro

As invisíveis, Histórias sobre o trabalho da limpeza, de Rita Pereira de Carvalho

Sinopse: “Sentes que quando és das limpezas te tornas invisível em relação às outras pessoas”. O relato de Ana Isabel, de 25 anos, retrata o sentimento comum às treze mulheres e um homem que partilham neste livro o dia-a-dia de uma mesma profissão: as limpezas industriais. Esta obra revela a realidade ignorada de quem precisa de umas costas de aço, de braços bastante competentes e de força, não só física, para limpar o que os outros sujam, sem se preocuparem muito em lhes agradecer.

Capa do livro
PUB

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados

por ,    22 Abril, 2023

No maravilhoso mês de março, mês da mulher, o Prosa no Ar não podia deixar passar a oportunidade de ler […]

Ler Mais

por ,    2 Fevereiro, 2023

O segundo romance de Dulce Garcia pode ser considerado uma “fábula” do mundo contemporâneo, traçando uma profunda crítica à sociedade. […]

Ler Mais