Hoje à noite n’O Sótão. A criatividade infinita dos Hiatus Kaiyote
Normalmente focamo-nos em artistas ou bandas que ainda não são tão conhecidos como os Hiatus Kaiyote. Oriundo de Melbourne, este grupo genial composto por Nai Palm, Paul Bender, Simon Mavin e Perrin Moss teve um papel essencial na afirmação da sua cidade-natal como um dos hubs mundiais para a música independente e experimental. Desde Tawk Tomahawk, lançado em 2012, passando pelos EP’s By Fire e Shaolin Monk Motherfunk, culminando no aclamado Choose Your Weapon, de 2015, que os Hiatus Kaiyote têm conquistado ouvintes e pares por todo o mundo. Mood Valiant é o novo projecto da banda australiana, com data de lançamento marcada para a próxima sexta-feira, depois de um processo criativo que levou seis anos a poder ser completado. Este hiatus resulta numa consolidação do groove dos Hiatus Kaiyote, que apresentam doze novas faixas repletas de luz, alma e muita mestria em todos os detalhes. Não deixando, como é costume com a banda, de ser um álbum experimental que explora o cruzamento de vários géneros. Essa constante inovação dos Hiatus Kaiyote, com uma criatividade que parece nunca acabar, justifica por si só que lhes dediquemos este espaço.
Mood Valiant começou a ser criado durante a tour de Choose Your Weapon, sendo que em 2018 os instrumentais estavam maioritariamente prontos para receber a maravilhosa voz de Nai Palm. No entanto, foi nesta altura que Palm foi diagnosticada com cancro da mama, obrigando-a a submeter-se a uma operação para salvar a sua vida e a repensar a sua perspectiva sobre o álbum que se preparava para finalizar. As letras, mesmo aquelas escritas antes da doença, ganharam forma de presságios. Mas faltava algo. E não foi até fins de 2019, numa viagem ao Rio de Janeiro que serviu para terminar uma das faixas com Arthur Verocai, que a ideia para Mood Valiant se concretizou.
Seis anos volvidos do último álbum, Mood Valiant poderá muito bem ser o trabalho mais bem conseguido dos Hiatus Kaiyote. É uma demonstração inequívoca do alcance musical da banda, da sua universalidade potencial e do seu talento infinito para a criação de arranjos que, apesar de soarem simples, são incrivelmente complexos e intencionais. Os elementos distintivos dos Hiatus Kaiyote — arranjos intrincados, sensação rítmica perfeita, melodias maravilhosas, letras tocantes — estão todos perfeitamente entrelaçados e aprofundados. Disponível a partir da próxima sexta-feira, convidamos todos os leitores da Comunidade Cultura e Arte a estarem atentos a um dos álbuns determinantes de 2021.
E ainda…
Depois do impressionante debute via Jazz re:freshed, Rosie Turton edita um novo EP chamado Expansions and Transformations: Part I & II. A trombonista e produtora britânica explora ideias sobre impermanência e como esse factor se liga à sua mente criativa e à sua música, cimentando a sua assinatura sonora como uma das principais na cena de jazz oriunda do Reino Unido; desta feita, com um projecto que contém duas faixas originais, um remake e um remix de Jitwam.
O Sotão é uma webmagazine focada no mais alto quilate da música lançada por artistas e editoras independentes. Junto com a Comunidade Cultura e Arte contribui semanalmente com a rubrica Hoje à noite n’O Sótão, onde apresenta um novo projecto de música independente; e mensalmente com Álbuns com Pó.